Suel foi transferido pela Polícia Federal até Brasília, na tarde desta terça-feira (25)Divulgação

Rio - O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o 'Suel', acusado de envolvimento nos planos para matar a vereadora Marielle Franco, foi transferido para a Penitenciária Federal de Brasília, na tarde desta terça-feira (25). Ele foi preso na Operação Élpis e ficará no presídio de segurança máxima por decisão da Justiça do Rio.
A transferência foi realizada pela Polícia Federal através do Comando de Aviação Operacional (Caop) e de agentes da Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado (FTCCO) da PF Rio.
De acordo com a delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por dirigir o carro utilizado para o assassinato de Marielle, 'Suel' planejou a morte, junto com o também ex-PM Ronnie Lessa, durante o segundo semestre de 2017. O ex-bombeiro seria responsável por fazer tocaias onde a vereadora estava e acompanhar os seus translados.
Segundo Queiroz, 'Suel' também participou de uma tentativa frustrada de homicídio da parlamentar no final de 2017, no Estácio, região central do Rio. A delação apontou que o ex-bombeiro dirigia o Cobalt Prata enquanto Lessa estava armado no banco do carona com uma submetralhadora MP5. O crime só não teria acontecido por um problema mecânico no carro em que estavam. De acordo com Queiroz, Lessa ficou chateado com 'Suel' porque achou que o homem hesitou.
Na ocasião, o policial militar Edmilson Oliveira da Silva, o 'Macalé', assassinado em 2021, estava com um fuzil AK-47 no banco traseiro. Ele foi morto a tiros em uma emboscada, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. O homem também foi citado por Queiroz como um dos responsáveis de planejar o assassinato. Ele, inclusive, seria o intermediário entre o mandante do crime e o executor.
A delação ainda mostrou que 'Suel' teria monitorado Marielle em diversas oportunidades em 2017, inclusive guardando o carro que seria usado no crime em março de 2018. Queiroz afirmou ainda que o ex-bombeiro encontrou com ele e Lessa em um bar, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, após o assassinato e disse que sabia que ambos tinham cometido o crime, devido as circunstâncias do fato.
Maxwell, que já foi preso em outra oportunidade por atrapalhar as investigações sobre o caso, nega as alegações de Queiroz. Segundo destacado por sua advogada, ele informou que não tem participação na morte da vereadora.
Prisão e decisão da Justiça
Maxwell foi preso na manhã desta segunda-feira (24), no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Ele foi encontrado dentro de casa, uma mansão de três andares, em um condomínio de luxo. O alto padrão de moradia chamou atenção dos investigadores.
Na quinta-feira (20), o juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal da Capital, decidiu por sua prisão preventiva e pela transferência para um presídio federal de segurança máxima. Segundo o magistrado, a detenção de 'Suel' em um presídio federal é necessária já que os indícios que o mesmo integraria uma milícia para exploração de 'gatonet' em Rocha Miranda, na Zona Norte, podem por risco a ordem pública caso ele fique em uma unidade prisional estadual.
"A informação de Polícia Judiciária da Polícia Federal indica que o acusado ostentaria patrimônio incompatível com suas receitas. Além do que, como já referido, haveria indícios de que integraria organização criminosa armada para exploração de 'gatonet' em Rocha Miranda. Dado o contexto criminoso geral e suas condições pessoais, infere-se, em princípio, que sua presença em unidade prisional comum poderia pôr em risco a ordem pública e toda a segurança do Estado do Rio de Janeiro", escreveu.
Kalil ainda levou em conta o fato em que os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de serem o atirador e o motorista do carro no dia do crime, respectivamente, também cumpriram pena em um presídio federal.
"Os corréus já pronunciados foram enviados a presídio federal porque, dentre outros motivos, teriam envolvimento com milicianos, possuindo vínculos de amizade com agentes policiais da ativa, suspeitos de atividades ilícitas, sendo a medida vital à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. A decisão foi confirmada pelas instâncias superiores. O alegado vínculo do ora denunciado com os corréus, como analisado nos itens acima, indica que, pelos mesmos motivos, a transferência dele também se revela, em princípio, imprescindível", escreveu.