Nathan Marchon, de 29 anos, tem um canal sobre aeronaves de pequeno porteReprodução / YouTube

Rio - O piloto de ultraleve Nathan Marchon, de 29 anos, envolvido no acidente que matou a estudante Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, possui um canal na plataforma YouTube sobre aeronaves e em seus vídeos ele exibe passeios feitos por ele mesmo e outros pilotos.
Nathan publica vídeos na plataforma há cerca de seis anos e conta com mais de 50 mil inscritos em seu canal. Seu conteúdo mais assistido, com 256 mil visualizações, mostra uma viagem feita por um outro piloto a bordo do menor bimotor do mundo, conhecido como Cri-Cri.
Além do canal, o rapaz também tem um site no qual anuncia a venda de peças para aeronaves e divulga seu curso para que interessados aprendam a pilotar ultraleves motorizados de até 200Kg. Os pacotes, entre básico e avançado, custam de R$ 800 a R$ 4.500 e duram até sete dias. Ao final do curso, o aluno recebe o Certificado de Piloto Aerodesportivo.
No sábado passado (9), Caroline, de 22 anos, foi atropelada pelo ultraleve pilotado por Nathan no Aeroclube de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A jovem recebeu atendimento no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), mas morreu um dia depois do acidente. Os órgãos da estudante foram doados e, durante a captação de dois rins e do fígado, os médicos fizeram uma homenagem com salva de palmas em agradecimento.
Em conversa com o DIA nesta quinta-feira (14), o delegado José Mário Salomão de Omena, que investiga o caso, apontou uma possível imprudência do piloto.
"Estive no local e a pista tem 30 metros de largura e pelo menos 1,2 km de extensão livre. O avião tem 10 metros de envergadura. Se ele estivesse no centro da pista, um desvio qualquer teria espaço suficiente para evitar qualquer tipo de colisão. Se ele estivesse usando a metade da pista, que é o que acabou acontecendo, no caso de qualquer desvio, dependendo da distância, se torna inevitável a colisão", explicou o titular da 58ª DP (Posse).
"A gente pode apontar que ele foi imprudente em acelerar a aeronave quando tinha pessoas. Tinha que esperar limpar a pista para poder fazer aquilo. Ele tinha que esperar todo mundo sair. Se não tivesse ninguém, o máximo que iria acontecer era ele ter ido no mato e voltado", completou Omena.
Nathan será o último a prestar depoimento na 58ª DP (Posse). O pai de Caroline seria ouvido nesta quarta-feira, mas alegou mal estar e o testemunho será remarcado.
O pedreiro Abner Rangel Ribeiro, pai da vítima, conversou com a imprensa após o sepultamento no Cemitério Parque Jardim, em Mesquita, nesta terça-feira. Ele afirmou que não saberia dizer se houve imprudência de Nathan, mas que a aeronave estava em alta velocidade.
"Foi algo que aconteceu muito rápido, então não quero tomar nenhuma atitude precipitada de dizer que foi inabilidade do piloto, imprudência... Está registrado na Polícia Civil, eles estão investigando. Infelizmente, de onde a aeronave partiu foi muito rápido. Mesmo contra o vento, saiu com uma velocidade muito grande. Eu estava do outro lado da pista, mas acredito que tenha sido em menos de seis segundos", contou.
Na segunda-feira, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que o Aeroclube não tinha autorização para funcionar, além de não ser certificado para oferta de cursos de formação de pilotos. O local não consta no cadastro de aeródromos privados da Agência e, por isso, não pode operar como aeródromo.