Ação da Core deixou 28 mortos e se tornou a mais letal da história do estadoArquivo / Agência O Dia

Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) investiga a possibilidade de fraude processual e falsidade ideológica nas conclusões de um laudo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) sobre uma das 28 mortes na operação no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, em 2021.
Em nota, o MPRJ informou que recebeu um relatório técnico, que não corrobora o laudo da Polícia Civil, sobre a morte de Omar Pereira da Silva. O documento foi encaminhado ao Promotor de Justiça do Tribunal do Júri.
O relatório aponta que partes do laudo possuem divergências com momentos mencionados em depoimentos de testemunhas. Além disso, diz que pontos importantes do momento da morte não foram abordados. 
Os policiais Douglas de Lucena Peixoto Siqueira e Anderson Silveira Pereira foram denunciados pelo MPRJ pela morte de Omar. Os dois são lotados na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. O homem foi morto dentro de uma residência, na localidade conhecida como Beco da Síria.
De acordo com a denúncia do MPRJ, Douglas cometeu o homicídio enquanto Anderson fraudou a cena do crime. No documento, consta que o réu realizou a remoção de cadáver antes da perícia, fez apresentação falsa de uma pistola Glock e de um carregador e ainda teria colocado uma granada no local onde Omar foi morto.
Na ocasião, Douglas admitiu ter atirado contra a vítima, mas os dois policiais alegaram que o Omar teria jogado uma granada contra eles antes de morrer. Os agentes respondem por homicídio qualificado, por dificultar a defesa da vítima. Segundo a denúncia, o homem estava encurralado, desarmado e com um ferimento de tiro no pé no momento em que foi morto. 
Os depoimentos dos policiais civis que seriam realizados na audiência de instrução e julgamento, em março deste ano, foram adiados pela Justiça. A nova data ainda não foi divulgada.
A ação no Jacarezinho deixou um total de 28 mortos e se tornou a mais letal da história do estado. Após o ocorrido, o Ministério Público abriu 13 investigações sobre as mortes, porém, 10 delas já foram arquivadas.
Procurada pelo DIA, a Polícia Civil informou que não tem conhecimento deste relatório.