Cauane foi encontrada em sua casa, no Morro do Borel, na Tijuca, com o recém-nascido raptadoRenan Areias

Rio - Cauane Malaquias Costa, de 19 anos, presa pelo sequestro do recém-nascido Ravi, na madrugada desta quarta-feira (1°), na Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, teria mentido sobre uma gravidez para não terminar um relacionamento.

De acordo com relato da tia da suspeita, que não quis ser identificada, Cauane tinha um caso extraconjugal com um homem, que é casado há 10 anos, e não queria terminar a relação, que já durava cinco anos. Com isso, inventou que estava grávida para que o relacionamento continuasse.

Meses após inventar a mentira, a jovem apareceu com o bebê em casa, alegando ser filho do homem casado. Familiares também relataram que Cauane tem problemas psicológicos e já teria histórico de furtar objetos.

No hospital, momentos antes do sequestro, a jovem alegou para uma enfermeira e para outras pacientes ser acompanhante de uma gestante. De acordo com o delegado Mário Jorge, responsável pelas investigações, Cauane teria dito que acompanhava uma mulher em um quarto que, na verdade, estava vazio.

"Ela teria dito para alguns pacientes que estaria acompanhando a paciente do 307, só que o quarto estava vazio, não tinha ninguém. Imediatamente a suspeita recaiu sobre essa pessoa".

O delegado responsável pelas investigações não confirmou a informação de que a mulher teria entrado pela varanda da maternidade. Ainda de acordo com o ele, Cauane teria tido uma filha na mesma maternidade no ano de 2018. Na ocasião do sequestro, a jovem conseguiu entrar no hospital pela primeira vez para visitar uma colega.
"Ela [a Cauane] soube que uma amiga havia vindo para o hospital ter um bebê na data de ontem por uma foto e decidiu ir até o hospital e chegou lá entre 10h30 e 11h para visitar a colega. Segundo seu depoimento, ela realmente visitou essa colega, mas ficou pelambulando pelo corredor do hospital. Por volta de três horas da tarde, ela passou pela enfermaria e viu o Ravi e se interessou por essa por essa criança", explicou o delegado.

Depois disso, Cauane voltou para casa e esperou anoitecer. "Por volta das 19h, retornou ao hospital com três bolsas de bebê, inclusive com uma bolsa cegonha, e por volta de 1h30, quando a mãe [do bebê] estava dormindo, ela aproveitou o cochilo, pegou a criança e levou para a residência dela", contou o delegado.

Mário Jorge ainda confirmou a versão da família de que Cauane teria inventado a gravidez por conta do namorado. A jovem ainda teria tirado fotos de diversas partes do hospital, para afirmar a família que estava internada para ter o bebê que supostamente esperava.


O Major Andrade, superintendente de comunicação social estratégica da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), falou sobre a prisão da mulher.

"Após ampla divulgação do fato ocorrido na maternidade Maria Amélia pela corporação, policiais foram informados, através de denúncia anônima, que uma criança estaria sob posse da acusada e que não seria filho dessa pessoa. Os agentes foram até o local e, ao chegarem lá, constataram a existência de uma criança. Após questionada sobre o fato, a mesma continuou negando a autoria. Os policiais, diante do conhecimento da denúncia que já existia, fizeram a condução da suspeita e do bebê", disse.

Ainda segundo o major, Cauane estava grávida e teria perdido um bebê recentemente. Além disso, há indícios de que a mesma foi na maternidade somente com a intenção de sequestrar um bebê.


Segundo relatos de amigos de Cauane nas redes sociais, a jovem contava mentiras sobre a gravidez na comunidade onde morava para que todos acreditassem na existência do bebê. Em uma das ocasiões, chegou a dizer que a criança estaria "escondida na costela" para justificar a ausência da barriga.

Além disso, também foi relatado que a mulher chegou na comunidade dizendo ter recebido alta após o suposto parto com rapidez por conta de roubos de bebês na maternidade.

O crime

O bebê, de nome Ravi, foi sequestrado na Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro do Rio, na madrugada desta quarta-feira (1°), enquanto sua mãe, Nívea Maria, de 27 anos, e a avó, dormiam na enfermaria da unidade, localizada no terceiro andar.

Segundo a corporação, os agentes foram informados do paradeiro da mulher e do bebê durante patrulhamento na comunidade do Borel. Após buscas, os dois foram encontrados. Cauane foi presa e Ravi levado para a maternidade.

De acordo com o avô da criança, Davi Figueira, foi a avó quem notou a ausência de Ravi no quarto após acordar do cochilo.

"A Nívea tinha acabado de amamentar o Ravi e colocou ele no cestinho. Esse cestinho fica entre o leito e a cama do acompanhante. Então a minha esposa e a minha filha estavam do lado. A minha esposa entrou em cochilo profundo, passaram-se vinte minutos e quando ela acordou, o Ravi já não estava mais no cestinho. Minha esposa falou que estava todo mundo dormindo. Ninguém viu nada", disse o avô da criança.