Rio- Familiares e amigos de Ana Clara Benevides, de 23 anos, que morreu, nesta sexta-feira (17), após passar mal durante a apresentação da cantora Taylor Swift, no Estádio Nilton Santos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) para realizar a liberação do corpo.
Emocionado, o pai da jovem, José Machado, falou que ainda não consegue afirmar o que realmente aconteceu com Ana. "O laudo final ainda não saiu. Por isso, não quis falar com ninguém. Não 'dá''pra' falar se foi A ou B 'pra' não entrar na controvérsia. Ontem, eu estava em casa, moro no Mato Grosso, e a menina que veio, amiga dela, me avisou e eu vim", explicou. A causa da morte ainda não foi esclarecida.
A Polícia Civil abriu uma investigação para apurar as causas da morte da jovem. De acordo com a corporação, após tomar conhecimento do fato, a polícia determinou que o Hospital Municipal Salgado Filho, que atestou a morte, encaminhasse o corpo da jovem para o IML, para realização de exames de perícia, para esclarecer o que causou a morte de Ana Clara. O caso está sendo investigado pela 24ª DP (Piedade).
Um amigo da família que mora no Rio também esteve no IML para dar apoio ao pai de Ana. "Eu vim aqui pra dar uma ajuda pra ele. Quando a gente é jovem e vai se divertir, não espera que vai ter um infarto ou um mal súbito, mas o que aconteceu pode acontecer com qualquer um. Foi uma fatalidade. Eu sou o único amigo dele aqui e vim dar um suporte. A gente se conheceu pela internet e eu não conhecia ela pessoalmente, é uma tragédia porque é uma menina jovem com uma vida toda pela frente", disse Alexandre de Lemos.
Por meio das redes sociais, amigos da jovem relataram que ela começou a passar mal logo no início do show. Ela chegou a ser reanimada no próprio estádio e foi encaminhada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. De acordo com a direção da unidade, Ana chegou às 20h50, em parada cardiorrespiratória. Durante atendimento, foram feitas manobras de reanimação, mas ela não resistiu.
A Tickets For Fun, responsável pelo show, emitiu uma nota nas redes sociais lamentando a morte de Ana Clara, mas não se pronunciou sobre a proibição da entrada de garrafas de água no estádio. 'Na noite de ontem, Ana Clara se sentiu mal e foi prontamente atendida pela equipe de brigadistas e paramédicos, sendo encaminhada para o posto médico do Estádio Nilton Santos para o protocolo de primeiros socorros. Diante do quadro, a equipe médica optou pela transferência ao Hospital Salgado Filho, onde, após quase uma hora de atendimento emergencial, infelizmente veio a óbito. Aos familiares e amigos de Ana Clara Benevides Machado nossos sinceros sentimentos", informa a nota.
A cantora americana Taylor Swift lamentou o ocorrido através das redes sociais: "Não acredito que estou escrevendo essas palavras, mas é com o coração partido que digo que perdemos uma fã hoje à noite".
Determinações do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro:
Por meio da rede social X (antigo Twitter), Paes lamentou a morte da jovem e determinou uma série de medidas para evitar uma nova tragédia. De acordo com ele, a abertura dos portões será antecipada em 1h e o anel de circulação do estádio será ocupado para tirar o público do sol. Ele pediu, ainda, novos pontos de distribuição de água e aumento no número de brigadistas e ambulâncias.
Já Cláudio Castro determinou a instalação de novos bebedouros dentro das dependências do estádio, distribuição de água no entorno e permissão do acesso com garrafas de plástico vazias. O governador ainda ordenou ao Procon do Estado que realizasse a apuração, junto à organização do evento, sobre os motivos da proibição da entrada com água no estádio. Também serão utilizados seis caminhões que jogarão água nos fãs que estarão na fila para ajudar a amenizar os impactos causados pelo calor.
Por meio de nota, Castro lamentou a morte da jovem, que classificou como tragédia. "Lamentamos a perda da jovem Ana Clara Benevides Machado durante o show da cantora Taylor Swift e nos solidarizamos com a família diante desta tragédia. A Polícia Civil já abriu o inquérito e fará uma apuração rigorosa sobre o caso".
Proibição à água
O ministro da Justiça Flávio Dino, por meio das redes sociais, determinou a investigação imediata do caso após denúncias de que a organização do evento teria barrado a entrada de garrafas de água e que a venda do produto dentro do estádio era escassa.
"Orientei o Secretário Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous, a adotar as providências cabíveis -ainda hoje - quanto às denúncias de vedação ou ausência de disponibilidade de água para os consumidores que foram ou irão a shows durante essa imensa onda de calor que o Brasil atravessa. O Código de Defesa do Consumidor exige que os serviços sejam seguros e adequados à saúde. É inaceitável que pessoas sofram, desmaiem e até morram por falta de acesso à água", escreveu Dino.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.