De acordo com a Ata da audiência, a magistrada Mariana Tavares Shu negou o pedido de liberdade provisória e ressaltou que são fortes os indícios de que os acusados seriam cumplices dos proprietários da clínica. "Ainda, há sérios indícios de que os custodiados estão em conluio com os proprietários da clínica para a prática de crimes, como bem relatado no despacho de auto de prisão em flagrante, de forma que a prisão é imprescindível para garantia da ordem pública, já que crimes como esses comprometem a segurança dos pacientes do local, impondo-se atuação do Poder Judiciário, ainda que de natureza cautelar, com vistas ao restabelecimento da paz social concretamente violada pela conduta dos custodiados", afirmou a decisão.
Nesta terça-feira (21), o médico peruano Jaime Javier Garcia Caro, de 44 anos, e o peruano Jean Paul Perez Barraza, de 29, que se passava por anestesista, foram presos em fragrante, em uma clínica de estética irregular em Nova Iguaçu. O local foi interditado.
O local funcionava sem licença sanitária e, mesmo assim, eram realizados procedimentos estéticos de alta complexidade. Fiscais do Conselho Regional de Odontologia (CRO) e da Vigilância Sanitária de Nova Iguaçu (Suvisa) também participaram da ação.
No momento em que os agentes chegaram na clínica, a dupla estava iniciando uma cirurgia de lipoaspiração em uma paciente de 29 anos, que já havia sido sedada por Jean Paul. Ao perceber a chegada dos policiais, o peruano tentou sair da sala, retirando o jaleco que vestia, onde tinha bordado o seu nome e a especialidade de anestesiologista, mas acabou sendo detido.
Segundo as investigações, Jean Paul não possui inscrição no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).
Na sala ao lado, policiais encontraram uma outra paciente, de 44 anos, que havia acabado de se submeter a uma lipoaspiração com a dupla e repousava ainda sob os efeitos do anestésico. Ambas reconheceram Jean Paul como sendo o anestesista do procedimento estético a que se submeteram.
Na Clínica Iguaçu Plásticas Day também eram realizados procedimentos como mamoplastia e mastopexia, mas não possuía qualquer estrutura para eventuais intercorrências com os pacientes, como desfibrilador, equipamentos de UTI e ambulância.
Ainda segundo a Polícia Civil, como medida de precaução, uma ambulância do Samu foi solicitada para levar a paciente que estava na mesa de cirurgia até a emergência do hospital HGNI (Hospital Geral de Nova Iguaçu) para ser submetida a avaliação médica.
Enquanto os policiais estavam na clínica, uma outra mulher, que também havia realizado lipoaspiração dias antes, chegou ao local se queixando de fortes dores e com inflamação nos pontos.
A clínica passava por reformas e o local se apresentava completamente insalubre para os pacientes. No local, foram encontrados medicamentos e anestésicos conservados em geladeiras junto a alimentos e bebidas para o consumo dos funcionários.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.