João Pedro foi morto com um tiro de fuzil no Complexo do Salgueiro, em São GonçaloReprodução / Redes Sociais

Rio - A Justiça do Rio aguardava, nesta segunda-feira (27), uma nova audiência no processo que julga a morte do adolescente João Pedro, morto em casa em 18 de maio de 2020, no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo. A defesa dos três policiais civis acusados pelo homicídio e por fraude processual conseguiu um Habeas Corpus para que houvesse acareação entre dois depoimentos de uma testemunha. No entanto, a testemunha em questão não apareceu para a acareação, marcada para acontecer às 14h30 no Fórum de Alcântara Juíza Patrícia, em São Gonçalo.
Agora, a expectativa é que o Ministério Público do Rio (MPRJ) apresente os argumentos finais, assim como a defesa, cabendo à juíza a decisão dos próximos passos. "Creio que agora está na fase final. Os advogados dos réus podem recorrer ainda, mas uma hora acaba a brecha e os acusados vão à júri popular", disse o pai de João Pedro, Neilton Pinto, que esteve presente no Fórum para acompanhar a audiência.
A acareação visava esclarecer contradições entre os depoimentos da testemunha Josenildo de Oliveira Alvez, que na delegacia informou que estava trabalhando próximo ao local da morte e teria visto criminosos portando fuzis e, com a chegada da polícia, teria visto os suspeitos fugindo "em direção à mata", e ao ser inquirido em audiência na Justiça negou todas as informações prestadas na delegacia.
O delegado de Polícia Civil Allan Lacerda Duarte, que colheu o termo da testemunha, foi inquirido em audiência do caso e reforçou o depoimento da testemunha, não sabendo informar por qual razão Josenildo teriadesmentido as informações em sede judicial.
O pedido de acareação havia sido negado pela 4ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo. Osadvogados dos réus, então, entraram com o HC na segunda instância do poder Judiciário, e a maioria dos desembargadores da Sexta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio determinou que a acareação fosse realizada, conforme o pedido da defesa.
Os três policiais já foram ouvidos no dia 13 de setembro. Os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) são acusados pelo assassinato do adolescente João Pedro, em sua própria casa. Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernando Meister são réus por homicídio e fraude processual. O jovem foi morto com um tiro de fuzil, durante uma operação conjunta das polícias Civil e Federal no complexo de favelas de São Gonçalo em 18 de maio de 2020.
A primeira audiência ocorreu em setembro de 2022, dois anos após o crime, quando sete testemunhas de acusação foram ouvidas. Na segunda audiência, estiveram presentes mais duas testemunhas de acusação. 

Na terceira, quatro policiais federais falaram. Na quarta e na quinta, foi a vez de testemunhas de defesa e acusação serem ouvidas, incluindo delegados da Polícia Civil responsáveis pela perícia e pela investigação do crime. Na ocasião, foram ouvidos o delegado Alan Duarte, na época titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) e responsável pelas investigações, o policial civil Wagner Carvalho, que participou da operação no Complexo do Salgueiro; o subcoordenador da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) Augusto Motta Buch; o perito do Ministério Público do Rio (MPRJ) Márcio Borges Coelho, o delegado de polícia Bruno Cleuder de Melo; e Renata Bressan, promotora que representava o MPRJ na operação.
Relembre o caso
João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi morto durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil no Complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo. João brincava em casa com amigos quando, segundo familiares, policiais entraram atirando. O menino foi atingido por um disparo de fuzil na barriga e socorrido de helicóptero, mas não resistiu aos ferimentos.