'Justiceiros' agridem jovem na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, na Zona Sul do RioReprodução/Rede social

Rio - O rapaz que aparece no vídeo sendo espancado por um grupo de homens em Copacabana, na Zona Sul do Rio, prestou depoimento na 13ª DP (Ipanema) horas depois das agressões. Aos policiais, Marco Antônio Siqueira negou que tenha realizado assaltos no bairro e que foi agredido por pelo menos dez pessoas por volta da 00h30 de quarta-feira (6).
Ainda segundo ele, a sessão de tapas, socos, chutes e até pauladas durou por pelo menos três minutos. Veja o vídeo abaixo. O rapaz foi submetido a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) após pedido da Polícia Civil. Conforme registros das câmeras de segurança instaladas nas ruas de Copacabana, Marco foi abordado duas vezes pelo grupo que se intitula 'justiceiros'. A primeira abordagem do grupo foi na Rua Miguel Lemos, após o rapaz correr do bando por cerca de um minuto. Em seguida, o grupo leva ele até a Rua Djalma Ulrich, onde a sessão de espancamento foi gravada. 
Durante as agressões, um dos homens questiona o jovem: "Cadê a faca?", e o menino responde: "Não tenho faca, não". O espancamento só terminou com a chegada da Polícia Militar.
Por meio de nota, a PM informou que o grupo fugiu e o homem foi conduzido para a 13ª DP. Após averiguação, foi constatado que, mesmo com uma vasta ficha criminal, não constava mandado em seu desfavor no momento.
Há ainda outros vídeos que circulam nas redes sociais que mostram o mesmo grupo circulando em bando pelas ruas de Copacabana em busca dos suspeitos de praticar roubos em série no bairro. Segundo o Código Penal brasileiro, fazer justiça com as próprias mãos é crime.
A Polícia Civil disse que o caso foi registrado na 13ª DP (Ipanema) e investigações estão em andamento para identificar os envolvidos.
Quem são os 'justiceiros'?
A iniciativa da criação do grupo dos 'justiceiros' ocorreu após o ataque sofrido pelo empresário Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos. Ele foi agredido e roubado em Copacabana por um grupo de jovens no domingo (3). A ação foi flagrada por câmeras de segurança. A vítima recebeu um soco no rosto e caiu desacordada. Antes da agressão, os suspeitos ainda tentaram assaltar uma mulher que passava pelo local.
O professor de jiu-jítsu Fernando Pinduka fez uma convocação aos mais de 100 mil seguidores. Na publicação, ele afirma que está indignado com "os últimos episódios ocorridos em Copacabana, agressões e covardias comandadas por vagabundos, assaltantes e desordeiros contra pessoas de bem".

Pinduka pede, ainda, ajuda das academias e lutadores da região. "Seria fantástico um engajamento das academias e de lutadores da localidade participando dessa ideia, abraçando o projeto de limpeza em Copacabana", escreveu. Na postagem, o professor afirma que não está estimulando a violência, mas sim "estimulando alguma maneira de proteger à nós mesmos, nossos familiares e as pessoas do bem que estão sendo humilhadas nas ruas". Ele relembrou ainda que nos anos 1990 foi realizado "uma patrulha de proteção". Disse que, na ocasião, deu certo e teve "um verão mais tranquilo".
O que dizem as polícias
A Polícia Civil informou que está monitorando o 'grupo de justiceiros' e disse que as investigações estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos. Já o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor César Carvalho dos Santos, repudiou as atitudes, chegando a comparar o comportamento do grupo ao de milicianos, e afirmou que todos estão sendo acompanhados.
"Trata-se de um grupo que se acha acima do bem e do mal, no direito de fazer justiça com as próprias mãos. E então praticam crimes com o objetivo de evitar crimes. Na verdade, todos eles são criminosos. O justiceiro é criminoso", disse Victor César em entrevista ao programa 'Estudio i', da GloboNews, nesta quarta-feira (6).
A Polícia Militar vai ter reforço na segurança após onda de violência em Copacabana. Uma reunião entre representantes de forças de segurança estaduais e municipais do Rio de Janeiro definiu, na tarde desta quarta-feira (6), alterações no esquema de policiamento em Copacabana.