Menino Gui e a família foram assaltos na saída do estádio de São Januário, na Zona NorteReprodução/Redes sociais

Rio - A Polícia Civil tenta identificar os envolvidos no assalto contra o torcedor-símbolo do Vasco, Guilherme Gandra, conhecido como menino Gui, de 9 anos, e a sua família. As vítimas estavam dentro do carro nos arredores do estádio de São Januário, em São Cristóvão, Zona Norte, na madrugada desta quinta-feira (7), quando foram abordadas por criminosos e ficaram sob a mira de uma arma. Os bandidos roubaram celulares, relógios e alianças.
A mãe da criança, Tayane Gandra, registrou um boletim de ocorrência na 50ª DP (Itaguaí), na manhã desta quinta-feira (7). No entanto, o caso foi encaminhado à 17ª DP (São Cristóvão), delegacia responsável pela área onde ocorreu o crime, que dá continuidade às investigações.
Em um relato angustiante, Tayane disse que o fato ocorreu quando ela, o filho e o marido estavam voltando para casa depois da vitória cruz-maltina por 2 a 1 sobre o Bragantino, que garantiu a permanência do clube na Série A do Campeonato Brasileiro. Ainda segundo a mãe, o pequeno Gui não entendeu muito bem o que estava acontecendo.
"O trânsito estava parado. Eram muitas pessoas passando. Graças a Deus, está todo mundo bem, Gui está bem. Ele não entendeu muito bem o que estava acontecendo no momento. Mas nós seguimos. Quero agradecer ao carinho de vocês. Dos bens materiais a gente corre atrás. O importante é que estamos vivos", disse Tayane em um vídeo publicado nas redes sociais.
Ela também explicou que havia policiamento nos arredores do estádio, mas que os criminosos escolheram "um ponto cego" dos policiais para agir. "O policiamento estava ok, estava todo mundo lá. Só que eles escolhem o ponto cego", disse.
Confira o relato da mãe de Gui na íntegra:
Procurada, a Polícia Militar informou que não foi acionada para o caso.
Quem é 'menino Gui' 
Xodó de todas as torcidas do Brasil, o pequeno Gui sofre de uma doença genética rara chamada epidermólise bolhosa distrófica, que deixa a pele muito frágil e forma bolhas facilmente. Torcedor do Vasco, ele recebeu a visita dos jogadores do clube Gabriel Pec e Figueiredo quando ainda estava no hospital, após sair de um coma, em junho deste ano. Desde então, se tornou uma espécie de amuleto da torcida e presença marcante nos jogos do Cruz-Maltino.
Recentemente, Gui se encontrou com mais dois de seus ídolos, os jogadores Neymar e Nenê. O encontro foi surpresa para a criança, que não escondeu sua felicidade ao encontrar a dupla. Em novembro, o pequeno torcedor também conheceu o presidente Lula. "Hoje fiz um novo amigo, que é vascaíno no Rio e que, a partir de agora, é corintiano em São Paulo. O menino Gui me emocionou. Assim como eu, ele é apaixonado por futebol", escreveu o presidente.
Além de conhecer ídolos, o torcedor-símbolo do Vasco também deu origem à Lei Gui, sancionada pelo governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, em outubro. O decreto autoriza que o estado pague uma pensão a pessoas com epidermólise bolhosa.
A nova lei estabelece ainda que os atendimentos poderão ser realizados no domicílio do paciente, se necessário. Além disso, poderá ser indicado o mapeamento genético dos parentes de pessoas vinculadas por consanguinidade, sempre que constatada a probabilidade de desenvolver gestação com epidermólise bolhosa.

"Essa lei foi impulsionada pela luta incansável do menino Guilherme Gandra, conhecido como Gui, e de sua mãe, Tayane Gandra. A batalha do Gui nos mostrou a urgência em garantir os direitos de pacientes com epidermólise bolhosa. Vamos levar esperança e alívio para essas pessoas", disse o governador Cláudio Castro ao sancionar a lei.
Segundo o Ministério da Saúde, a epidermólise bolhosa é uma doença genética e hereditária rara, que provoca a formação de bolhas na pele por conta de mínimos atritos ou traumas e se manifesta já no nascimento. Isolamentos sociais devido ao receio das pessoas com a doença sofrerem mais traumas e limitações são recorrentes. Também pode provocar dor e afetar a vida cotidiana física e emocional dos pacientes.

Cerca de 500 mil pessoas em todo o mundo têm a doença. No Brasil, segundo a Associação DEBRA, são 802 pessoas diagnosticadas com a enfermidade. Nos últimos cinco anos foram registradas 121 mortes por complicações da epidermólise bolhosa, que não tem cura e não é transmissível.