Gustavo Seijas (de mochila) conversa com outro lojista que teve o estabelecimento incendiadoRenan Areias / Agência O Dia

Rio - A Galeria Condor, no Largo do Machado, ficou fechada nesta sexta-feira (8) após o incêndio que atingiu ao menos duas lojas na quinta. Atarefados com as providências que precisam tomar, os lojistas guardam um sentimento de que o fogo poderia ter sido evitado. Gustavo Seijas, de 56 anos, é dono de um salão de beleza que funciona na galeria há 20 anos. Ele afirma que o incêndio começou por causa da explosão de um transformador da Light que já apresentava problemas no dia anterior, quando uma fumaça começou a sair de um bueiro em frente aos estabelecimentos.
"Hoje [sexta-feira], fomos à delegacia para fazer um boletim de ocorrência, tentar acionar o seguro, conversar com um perito para poder mostrar a causa correta... O incêndio foi ocasionado pela Light, por negligência e imperícia. Negligência porque, no dia anterior, eles foram chamados por causa de uma fumaça que estava saindo do bueiro. Eles não resolveram o problema e, na quinta-feira, foram chamados de novo", relatou.
Gustavo contou que, na manhã de quinta, um estrondo assustou tanto clientes quanto funcionários que estavam na galeria. O barulho foi tanto que, inicialmente, eles acreditaram que poderia ter sido uma colisão do trem do metrô. Cerca de uma hora depois, perceberam que as lojas estavam pegando fogo.
"Todos ficaram desesperados, estremeceu o chão da loja. Quando fomos ver, havia estourado um transformador da Light que fica em frente à galeria. Essa transformador fica colado com a parede do subsolo da sapataria. Então, já deve ter acontecido alguma faísca, fumaça ou algo do tipo", explicou.
O lojista disse que também sentiu certa negligência por parte do Corpo dos Bombeiros, que esteve no local para checar a fumaça preta que saía do bueiro. Gustavo afirmou que os militares foram embora sem solucionar o problema, dizendo que a Light havia os liberado.
"Os bombeiros olharam o interior da loja e disseram que a Light havia liberado eles, que não havia risco de incêndio. Quarenta minutos depois, o fogo começou. A Light deveria ter feito o que fosse necessário para prevenir o incêndio, mas não fizeram. Os bombeiros não poderiam sair de um local que tinha uma fumaça forte só porque a Light liberou. Eles deveriam ter ficado enquanto houvesse fumaça. Não é o primeiro estrondo e nem primeiro incêndio. Essa foi a primeira vez que chegou na loja, mas outras transformadores já estouraram", reclamou. 
Por fim, Gustavo lamentou a possibilidade de reabrir o salão somente no próximo ano. A galeria, que está fechada desde o incêndio, deve retomar as atividades entre domingo e segunda-feira.
"São 40 empregados. Ou seja, 40 pessoas que a Light vai deixar sem trabalhar nesse Natal, sem falar as outras lojas. É horrível saber que cerca 60 pessoas não terão condições de fazer um Natal ideal. A maioria é comissionada, espera dezembro para ter um ganho a mais. Ficamos tristes com essa situação porque era para ter sido evitado. Ficamos com um sentimento ruim de que poderia ter sido evitado, poderiam ter evitado o fogo se as pessoas tivessem trabalhado com mais empenho", desabafou.
"É um sentimento que não sei dizer… Mistura de negligência com imperícia. Ficamos com o sentimento de que as pessoas não levam a sério o trabalho. Dá uma sensação de que são profissionais despreparados", concluiu.
Procurada, a Light informou que segue no local para verificação. "Após o trabalho dos Bombeiros no rescaldo do incêndio, técnicos da companhia estão acessando aos poucos o espaço para apurar as causas da ocorrência", comunicou.
Já o Corpo de Bombeiros afirmou que  a impossibilidade de atuação dos militares se deu pelo local ter permanecido energizado. "Mesmo assim, a corporação realizou na região do entorno todas as ações preventivas previstas nos protocolos até que fosse informado pela Light que a situação estava sob controle e pudesse realizar efetivamente o combate no local", concluiu.