Parentes e amigos da família da pequena A.A.R.D., de 8 anos, durante sepultamento no Cemitério do Maruí, em NiteróiMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - Lagrimas, dor e sofrimento marcaram a despedida da pequena A.A.R.D., de 8 anos, nesta quarta-feira (13), no Cemitério do Maruí, em Niterói. A menina morreu na segunda-feira (11), após ser espancada pelo próprio pai, Ilias Olachegoun, de 30 anos, que foi preso em flagrante.

Cerca de 50 pessoas marcaram presença na despedida. Abalados, os familiares não quiseram falar com a imprensa. A mãe da menina, Adeyinka Shirley Vieira Lopes Rodrigues, que dividia a guarda da filha com o pai, ficou o tempo todo ao lado do corpo da filha.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), uma equipe do Samu foi acionada mas a menina já estava morta. Os socorristas suspeitaram prontamente de que se tratava de um caso de agressão e acionaram a Polícia Militar.

A PM chegou ao local e conduziu Ilias, natural de Benin, na África, para a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG).
Na delegacia, o socorrista que prestou atendimento à menina revelou que o pai teria comentado que "bateu um pouco" na menina. Outras testemunhas ouvidas pelos investigadores da especializada afirmam que ouviram barulhos anormais no momento do crime, mas familiares negaram que Ilias tivesse comportamento agressivo.

Na perícia, os agentes encontraram um cinto que o pai teria usado para espancar a filha. De acordo com o exame de corpo de delito, a menina apresentava diversas lesões nas costas, tórax, braços e face, todas provocadas por ação contundente. Apesar da nacionalidade do pai, a menina nasceu no Brasil e morava há seis meses com Ilias na comunidade do Boa Vista, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
Segundo o delegado titular da DHNSG, Willian Batista, a menina sofria tortura há algum tempo.
"Ele, claramente, agrediu a filha diversas vezes. Eu, particularmente, posso dizer que em dez anos (de profissão), muitos deles trabalhando com homicídio, eu nunca tinha visto aquela intensidade de lesões. Lesões espalhadas pelo corpo inteiro, lesões que, após conversar com o perito legista, conseguimos afirmar que não foram ocorridas apenas no dia da morte. Tinham lesões que chamamos de idades diferentes, o que indica que ela já vinha sofrendo esse tipo de tortura. Esse é o nome, não é correção, não é lesão, não é exagero, é tortura mesmo o que vinha acontecendo", afirmou o delegado.