Em setembro, 49 suspeitos foram levados para a delegacia de Copacabana em um ônibus para averiguaçãoReprodução / Redes sociais
Na solicitação, foi pedido ao STF que seja concedida uma liminar que impeça a apreensão de jovens para averiguação. Esta medida é uma das várias previstas no escopo da "Operação Verão", promovida por autoridades do estado e município para garantir a segurança dos banhistas nas praias do Rio de Janeiro.
A prática havia sido vetada pela 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital no dia 11 de dezembro ao analisar pedido feito pelo Ministério Público do Estado (MPRJ) em uma ação civil pública sobre o tema. Após recurso instaurado, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) derrubou a proibição no último sábado (16).
Na Reclamação Constitucional, a Defensoria argumenta que TJRJ feriu uma decisão vinculada do próprio STF, firmada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3.446, em 2019. Na ocasião, os ministros garantiram o direito de ir e vir dos adolescentes ao considerar ilegal as apreensões apenas para averiguação e por perambulação quando eles estivessem desacompanhados ou sem dinheiro.
Ainda no pedido, a DPRJ afirmou que a "Operação Verão" serve como medida de contenção social, pois tem como resultado a retirada das crianças e adolescentes dos espaços nobres da cidade, numa constante vigilância da população negra e periférica, que é a mais impactada neste tipo de ação.
A defensora Raphaela Jahara, coordenadora de Tutela Coletiva da DPRJ, opinou sobre a decisão. "Essas apreensões são feitas para averiguação e alcançam, em regra, os adolescentes pretos e pobres. Protocolamos essa reclamação porque o verão começa agora e a decisão do TJRJ permite que as operações desobedeçam a determinação do Supremo", explicou.
A Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica) da Defensoria registrou que tem recebido relatos de violações de direitos de crianças e adolescentes durante as ações de segurança.
André Castro, coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, também comentou sobre a Reclamação Constitucional. "A reclamação busca restabelecer a decisão unânime do STF, que veda as apreensões indiscriminadas de jovens, baseadas tão somente nas sua condição social e cor da pele, como vem ocorrendo".
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