Apesar de não ter sido detectado risco estrutural iminente, foi realizada interdição preventiva do CIEPMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - A explosão no Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Professora Célia Martins Menna Barreto, em Bangu, na Zona Oeste, causou um prejuízo de aproximadamente R$ 700 mil, segundo o secretário municipal de Educação. Na manhã desta quinta-feira (28), Renan Ferreirinha esteve no local para verificar os danos no colégio, que foi alvo de uma tentativa de furto de cobre da tubulação de gás da cozinha, na noite de quarta-feira (27). O acidente deixou um suspeito com diversas queimaduras. 
A vistoria da Defesa Civil apontou que houve colapso e rebaixamento de gesso da cozinha, despensa, vestiário e refeitório e, apesar de não ter sido detectado risco estrutural iminente, foi realizada interdição preventiva do local. Segundo Ferreirinha, serão nessecerárias obras emergenciais para a reconstrução do refeitório, da cozinha, do forro do teto e toda a estrutura que foi danificada, como o banheiro do segundo andar do CIEP, que fica em cima da cozinha. 
"A gente precisa entender o que a ganância humana, o que a criminalidade é capaz de realizar. Essa explosão inteira aqui é fruto disso, de uma criminalidade, de uma insegurança, que impacta também a educação. O que nós já conseguimos averiguar com os órgãos de infraestrutura da prefeitura é o impacto de, pelo menos, R$ 700 mil (...) Esses R$ 700 mil ou mais, são impostos, é fruto de dinheiro público, é o meu dinheiro, é o seu dinheiro que está pagando essa conta. Esse dinheiro poderia ser utilizado para comprar um livro, para comprar um kit escolar, para reformar algum outro espaço que já estava precisando", declarou o secretário. 
O titular da SME explicou que o atrito do corte na tubulação pode ter gerado uma faísca que levou à explosão e um isqueiro foi encontrado no local. No acidente, Rai S. P. Bittencourt, de 19 anos, teve cerca de 90% do corpo queimado e precisou ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o quadro dele é considerado grave.
"A direção da escola tinha fechado também o gás, ou seja, impedindo que a tragédia pudesse ser ainda maior. Mas, quando você corta uma tubulação, gera faísca, acaba sendo inevitável um acidente, uma tragédia como essa. Então, para a gente, é muito lamentável que a educação do Rio de Janeiro tem que enfrentar uma situação como essa, da violência impactando tão severamente as nossas escolas". 
A Polícia Civil informou que a investigação está em andamento na 34ª DP (Bangu), testemunhas estão sendo ouvidas e o suspeito foi autuado em flagrante. Apesar de Rai ter sido o único encontrado pela Polícia Militar no local, segundo Renan Ferreirinha, as equipes tentam descobrir se há outros envolvidos no crime, que teriam conseguido fugir do local, já que pares de chinelo foram encontrados nos escombros da escola. A versão também foi reforçada pelo subprefeito da Grande Bangu, Robson Chocolate, que lamentou a situação em que o Ciep ficou após a explosão. 
"Acabou com a cozinha toda e parte do segundo andar, com o impacto (da explosão), avariou. Derrubou parede, 'arrebentou' porta, geladeira, fogão, não tem mais nada (na cozinha). A Defesa Civil fez a primeira entrada ontem e a empresa hoje. A parte da cozinha está interditada, mesmo sabendo que ali não tem problema nenhum, a Defesa Civil deixou interditada, para não ter nenhum problema", afirmou o subprefeito. 
Vizinho do colégio, Carlos José contou que é comum que pessoas em situação de rua e usuários de drogas invadam e permaneçam dentro do Ciep, e que eles costumam soltar bombas no local, apesar de sempre presenciar policiamento na região. Segundo o morador, na noite de quarta-feira, artefatos explosivos foram utilizados na ação criminosa e as residências próximas chegaram a sentir um tremor, por conta do impacto da explosão.  
"Nesse dia, deu sorte que os funcionários não estavam no colégio. Ele foi mexer para roubar e deu azar. É dependente (químico), fica dentro no colégio, eles não roubam sempre, mas ficam ali soltando bomba alta, tentando furtar algumas pessoas que passam. O policiamento aqui está legal, a polícia toda hora passa, mas não dá para pegar toda hora (...) Minha casa tremeu, parece granada que eles soltam. Antes do estrondo, estavam soltando umas bombas muito fortes e depois foi o estrondo do gás. Falei: "está acabando o mundo", foi muito forte o barulho", contou o vizinho. 
Segundo Ferreirinha, a expectativa é de que as obras comecem em janeiro e sejam concluídas antes do início do ano letivo de 2024, para não afetar alunos, professores e outros funcionários. Entretanto, o secretário contou que a pasta já planeja estratégias emergenciais de refeição, caso o espaço não fique pronto até a volta às aulas. 
"Que a gente possa entender que escola é local de paz, de aprendizagem, de alimentação, que é o que acabou sendo prejudicado aqui. Quando uma ação, que às vezes pode parecer isolada, de alguém querer invadir e roubar um cobre, isso não é. A gente não pode 'passar pano' para isso. Não pode achar que isso é normal, isso é crime. Isso não pode ser tolerado no Rio de Janeiro", concluiu. 
 
* Colaborou: Marcos Porto