Na foto, o filho de Quinho, Wilker Oliveira Marques, se despedindo do pai, na quadra do Salgueiro Renan Areias

Rio - 'Ele foi meu melhor amigo'. Esta foi a descrição emocionada de Wilker Oliveira Marques, filho de Quinho do Salgueiro, morto na noite desta quarta-feira (3), aos 66 anos, depois de travar uma batalha contra um câncer de uretra. Amigos e familiares estiveram presentes, nesta quinta-feira (4), para se despedir de uma das grande vozes da história do carnaval carioca, na quadra da agremiação, no Andaraí, na Zona Norte. 
"Ele era um paizão na minha vida. Pagou meu colégio, minha alimentação, minhas vestes, foi mais o que um pai, foi meu melhor amigo. O melhor amigo que tive em toda a minha vida foi ele", disse Wilker.
Frequentador da quadra da agremiação desde seus 9 anos, Wilker disse que sempre foi muito bem recebido por todos, mas revelou velar seu pai no local não foi um tarefa fácil. "A primeira vez que eu entrei nessa quadra eu fui bem recebido pelos amigos ali da Vila Olímpica e por essa comunidade maravilhosa que já me abraçou muito. Hoje estou aqui com uma tarefa que nunca quis ter na minha vida, ver meu pai sendo velado", lamentou. 
"Erguei a mão, Salgueiro vem aí, essas são as melhores recordações [dele] que eu tenho em minha memória", completou.
A rainha de bateria da Vermelho-e-Branco, Viviana Araújo, também esteve presente na despedida. Por fim, uma roda de samba foi realizada na quadra em homenagem a Quinho do Salgueiro.
O intérprete era conhecido por sustentar vários gritos de guerra carnavalescos, que se tornaram sua marca registada, como "Arrepia, Salgueiro!", "Ai, que lindo", "Pimba, pimba" e "Vai pegar fogo no gongá".
Nesta sexta-feira (5), o corpo do intérprete será velado na Capela C do Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, a partir das 9h. O sepultamento acontecerá às 13h.
Trajetória
Quinho começou no Carnaval no Bloco Boi da Freguesia e, em 1988, foi chamado para participar do carro de som de Aroldo Melodia, na União da Ilha do Governador, onde ficou até 1990. Em 1991, Quinho foi para o Salgueiro e começou a se destacar em 1993, com o samba "Peguei um ita no Norte". Em 1994, ele voltou para a União da Ilha.
Em sua carreira, o intérprete passou por agremiações como São Clemente, Acadêmicos do Grande Rio, Império da Tijuca e Acadêmicos de Santa Cruz. Em São Paulo, esteve na Rosas de Ouro, e em Porto Alegre, na Vila do IAPI. No entanto, sua maior conexão sempre foi com o Salgueiro.
Em 2009, Quinho levou a vermelho e branco da Tijuca à vitória com "Tambor", seu nono e último título. Ele passou mais um tempo afastado da escola e retornou ao Salgueiro em 2019, passando a dividir o carro de som com Emerson Dias.