Policialmente reforçado na Barra da Tijuca na manhã desta sexta-feira (12)Divulgação / Polícia Militar

Rio - Em meio à onda de violência na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com casos de assaltos e agressões nas últimas semanas, um levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta que houve um aumento de 5% no número de roubos no comparativo entre novembro do ano passado e o mesmo mês de 2022 na região. No penúltimo mês de 2023, foram 182 registros e, no mesmo período do ano anterior, 106 casos. Entre janeiro e novembro do ano passado, 1.396 ocorrências de roubo foram registradas no bairro. O número significa que, em média, por dia, quatro vítimas tiveram um pertence levado por bandidos em 11 meses. 
O número de furtos na região é 300% maior do que o de roubos. Entre o período de janeiro a novembro do ano passado, foram registradas 6.192 ocorrências de furtos em geral. O mês de janeiro teve o maior número, com 651 casos, sendo, em média, 21 pessoas furtadas por dia. 
De acordo com o especialista em Segurança Pública, José Ricardo Bandeira, o aumento da criminalidade na Barra da Tijuca pode ter relação com a recente onda de violência em Copacabana, já que medidas de segurança foram implementadas no bairro da Zona Sul. "A criminalidade se desloca no tempo e no espaço de acordo com as medidas que são implementadas pelo poder público, a isso damos o nome de mancha de criminalidade. Ou seja, cada vez que a polícia exerce a repressão em algum local a criminalidade se desloca para uma outra região que esteja mais desguarnecida", explicou, em entrevista ao DIA.
Bandeira ressaltou, ainda, que o deslocamento da criminalidade fica visível porque o estado não tem efetivo de agentes públicos suficientes para oferecer segurança em todas as regiões simultaneamente.
Os moradores do bairro não pensam muito diferente: a empresária Elizabeth Cunha, de 50 anos, mora na Barra da Tijuca há quase 10 anos e está assustada com a onda de violência. "Realmente, a situação está preocupante por aqui. Eu moro na Barra há quase 10 anos e nunca vi nada parecido. Todo dia a gente escuta relato de algum assalto, furto, tiro. Eu fico com medo de sair de casa e quando saio, vou sem celular pra não correr o risco de ser assaltada", disse à reportagem.
O treinador de futsal Thiago Lopes, de 32 anos, circula pelo bairro sempre com medo, já que foi vítima de um assalto em outubro do ano passado. Na ocasião, o rapaz estava em um carro de aplicativo quando foi abordado por dois rapazes e teve o celular roubado. "Desde então, eu fico sempre atento. Tá muito complicado andar pela Barra em segurança, eu sei que não fui o primeiro e nem vou ser o último, mas alguma coisa precisa ser feita pra parar esses bandidos", ressaltou. 
A comerciante Leninha Macedo, de 62 anos, que trabalha no Quiosque Pescato Bar, na orla da Praia da Barra, contou que as notícias de assaltos na região são frequentes. "A gente tá sempre escutando esse tipo de notícia, né? Na semana passada teve um assalto perto do Posto 3. Então, sempre dá aquela insegurança porque a gente tá exposto aqui e é muita gente passando pra lá e pra cá, fico com medo, mas preciso trabalhar", contou. 
Um levantamento da Secretaria de Governo do Rio com dados entre 1º de janeiro a 30 de junho de 2023 aponta que 88% dos presos detidos pelo Segurança Presente na região já tinham passagens pela polícia. Nos seis primeiros meses de 2023 ano, 78 pessoas foram presas ou apreendidas no bairro da Zona Oeste. Deste total, 69 tinham antecedentes criminais.
O estudo apontou também que 14% dos presos moravam na Cidade de Deus. Já 10% deles, vinham de Jacarepaguá, dos bairros Tanque e Gardênia Azul. Outros 9% são da Rocinha e 7% são de Campo de Grande. Na região, o homem com mais passagens pela polícia é Carlos Eduardo de França. Aos 47 anos, ele soma 24 anotações criminais e foi abordado pelos agentes do Barra Presente seis vezes. O homem foi preso pela última vez no dia 26 de outubro do ano passado acusado de furto, mas foi liberado pela Justiça no dia 1 de novembro. Ele já esteve detido 17 vezes. 
Procurada, a Polícia Militar informou que a unidade emprega policiamento na região, com equipes em viaturas e motopatrulhas realizando rondas e abordagens sistematicamente e com reforço de efetivo através do Regime Adicional de Serviço (RAS). "Equipes do Programa Bairro Presente do batalhão também estreitam as relações com comerciantes e a população daquela área", disse a corporação, em nota.

A PM ressaltou ainda a importância do acionamento das equipes para casos imediatos através de nossa Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias.
Últimos episódios
Nesta quinta-feira (11), o porteiro de um prédio, identificado como Josinaldo de Oliveira, de 40 anos, foi baleado durante um assalto na Avenida Érico Veríssimo. Um outro homem foi agredido com uma coronhada. De acordo com o Segurança Presente, dois bandidos em uma moto roubaram um casal em frente a um supermercado. O rapaz reagiu e foi agredido com uma coronhada. Agentes do Barra Presente que passavam na hora deram voz de prisão à dupla, que atirou contra a equipe. Durante o confronto, o porteiro de um prédio próximo ao local foi atingido na perna. Os criminosos conseguiram fugir.
Três dias antes, um casal foi agredido e assaltado na Praia da Barra. De acordo com as vítimas, o caso aconteceu na altura do posto 4, por volta das 16h, enquanto os dois caminhavam à beira mar. O casal, que saiu de casa sem o telefone, foi abordado por quatro suspeitos e tiveram os cordões roubados. O grupo, que conseguiu fugir, deu um soco na boca da mulher e rasgou a camisa do seu namorado.
No último dia 3, mãe e filha foram agredidas durante um assalto na Avenida Jorge Curi. Segundo a vítima, ela tinha estacionado o carro na região para ir ao shopping, mas quando retornou quatro jovens a abordaram e iniciaram o assalto de forma agressiva, a filha ao tentar defendê-la também foi agredida. Na ação, os bandidos pediram senhas de aplicativos bancários, dinheiro, aliança e por fim levaram todos os pertences da vítima. As duas ficaram com diversos hematomas pelo corpo.
Em dezembro do ano passado, clientes de um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foram assaltados. As câmeras de segurança do estabelecimento registraram o momento em que dois suspeitos se aproximam do quiosque, analisam as pessoas que estão sentadas nas mesas e escolhem os alvos. As vítimas são três pessoas que estão sentadas na mesma mesa, no fundo do estabelecimento, próximo à areia da praia. Em rápida ação, os bandidos abordam as vítimas e roubam seus pertences. Em seguida, a dupla foge.
Na semana anterior, o apresentador e presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, de 78 anos, foi assaltado enquanto caminhava pelo calçadão da Praia da Barra da Tijuca. Três homens passaram de bicicleta e tentaram levar o cordão que ele usava, no entanto, conseguiram roubar apenas uma medalha. Na ação, ele foi empurrado pelos bandidos. Ao cair, o apresentador sofreu ferimentos na boca e no rosto. Em seguida, Perlingeiro, que mora em um hotel na orla da região, passou mal e foi levado para um hospital, onde passou por exames que constataram uma fratura na região do ombro direito.
Dois meses antes, em outubro, três médicos foram mortos a tiros e um quarto ficou ferido em um quiosque na Avenida Lúcio Costa. As vítimas atuam em São Paulo e estavam de passagem pela cidade devido a um congresso de ortopedia. Imagens registradas por câmeras de segurança da região mostram que suspeitos desceram de um carro e atiraram diversas vezes contra os profissionais de saúde. Uma das linhas de investigação é de que criminosos tenham confundido uma das vítimas com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.