Diego Braga, de 44 anos, era lutador e professor de MMAReprodução

Rio - Policiais militares encontraram, na noite desta segunda-feira (15), o corpo do lutador de MMA Diego Braga Alves, de 44 anos, que estava desaparecido desde a madrugada, depois de ir até o Morro do Banco, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, em busca de sua motocicleta, que havia sido furtada na Muzema, na mesma região. Nesta terça-feira (16), um dos suspeitos do crime foi preso com drogas dentro da própria casa, na comunidade. O homem confessou a participação no crime e foi encaminhado para a 16ª DP (Barra da Tijuca). As buscas da PM por outros envolvidos continuam na região.
Em uma publicação ontem nas redes sociais, Diego divulgou que sua moto foi furtada de dentro do condomínio que morava, por dois criminosos. A ação dos bandidos foi registrada por uma câmera do local e aconteceu por volta das 3h. Na gravação, os suspeitos aparecem em outra motocicleta e param próximos à do lutador, quando o carona desce e pega o veículo da vítima. Os assaltantes estavam de capacete.
Depois que soube do crime, Diego foi até o Morro do Banco para tentar recuperar a moto e acabou assassinado, porque teria sido confundido pelos traficantes da comunidade com um miliciano. Segundo a Polícia Militar, o 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foi acionado para uma ocorrência de disparos de arma de fogo, na Estrada de Itajuru, e encontrou vítima em uma área de mata. O lutador foi socorrido para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde a morte foi confirmada. 
A Muzema e o Morro do Banco eram dominados por milicianos até o ano passado, quando foram tomados pelo Comando Vermelho. A área agora seria chefiada por uma das lideranças do Complexo da Penha, o narcotraficante Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) assumiu a investigação do assassinato e os agentes coletam informações e realizam diligências para identificar os outros autores. O Disque Denúncia divulgou um cartaz e recebe informações sobre os envolvidos pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; pelo WhatsApp dos Desaparecidos, no (21) 98849-6254; e por meio do aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.
Cartaz pede informações sobre envolvidos na morte de Diego Braga Alves, de 44 anos - Divulgação/Disque Denúncia
Cartaz pede informações sobre envolvidos na morte de Diego Braga Alves, de 44 anosDivulgação/Disque Denúncia
Nas redes sociais, amigos e entidades se despediram da vítima. "Luto pelo mestre, amigo e parceiro. Que dor sem tamanho. Obrigado por tudo mestre e você sempre será lembrado em cada lugar que levarmos a nossa bandeira do Brasil! Que Deus te acolha e abençoe toda família Braga! Nossos reais e mais profundos sentimentos. Descanse em paz mestre", postou a Confederação Brasileira de MMA Desportivo (CBMMAD).
"Meu coração sangra. Descanse em paz meu irmão, paizão que a luta me proporcionou. Obrigado por todos os ensinamentos. Eu te amo eternamente. Que sejam punidos os que cometeram o crime", escreveu um amigo.
Carreira
Diego lutou profissionalmente nos estilos MMA e Muay Thai. Entre adversários marcantes na sua carreira, estão Charles do Bronx, ex-campeão da categoria peso-leve do UFC, Miltinho Vieira, Adriano Martins e Iliarde dos Santos. Os dois primeiros, que seguem lutando na maior competição de lutas do mundo, lamentaram a morte de Braga nas redes sociais.
"Meus sentimentos a toda a família. Deus coloque em um bom lugar", publicou Charles. "Indo dormir com essa notícia horrível. Diego Braga, um grande homem, pai, amigo e lutador dos rings e da vida. Casca grossa daqueles que não se fazem mais. Puro, do bem, sangue bom. Sempre uma alegria encontrar com ele nos bastidores dos eventos mundo a fora. Vai deixar muitas saudades. Descanse em paz, grande guerreiro!", declarou Miltinho.
O atleta também treinou com os irmãos Rogério Minotouro e Rodrigo Minotauro, além de Anderson Silva, que prestaram homenagens. "Ainda me custa a acreditar. Grande amigo, irmão, fiel, pai exemplar, trabalhador, deixou um grande legado por onde passou. Descanse em paz, Diego. Que Deus te receba de braços abertos e conforte o coração da família e dos amigos. Te amo", escreveu o primeiro. 
"Aonde essa violência vai parar, meus amigos? Que covardia terrível, que coisa sinistra que não tem explicação alguma. Sempre gratos por tudo que passamos, meu irmão, todos os momentos, toda a parceria, todos os treinos, tantas horas que dividimos o tatame, as metas, os sonhos juntos. Venho agradecer tudo que fez por mim e pelo nosso time, meu irmão. Não tem palavras que possam confortar os familiares e amigos, ações covardes como essa não podem acontecer", desabafou Minotauro. 
"Sempre lutou por um futuro melhor, acreditando na força da comunidade e no poder da educação. Sua visão de um Rio de Janeiro mais seguro e justo era a luz que guiava suas ações. Mas essa mesma violência que você tanto combateu acabou por ceifar sua vida, deixando um vazio imenso em nossos corações. Sua ausência é um lembrete doloroso do quanto ainda precisamos lutar para mudar a realidade que nos cerca. Sua partida nos ensina que cada momento é precioso e que devemos continuar lutando pelo bem, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Você deixou uma marca indelével em nossas vidas, inspirando-nos a ser melhores, a lutar por um futuro em que a violência não dite nosso destino", afirmou Silva. 

O lutador encerrou sua carreira profissional em 2019 com 23 vitórias, oito derrotas e um empate. Atualmente, ele dava aulas na academia Tropa Thai, localizada na região de Rio das Pedras e Tijuquinha, na Zona Oeste do Rio. O estabelecimento cancelou todas as aulas desta segunda-feira. A vítima também treinava o filho, Gabriel Braga, que seguiu seu caminho na artes marciais.