Preço para a prestação de serviços muda entre um salário mínimo e R$ 500Reprodução

Rio - O prefeito Eduardo Paes (PSD) usou o seu perfil no X (antigo Twitter), nesta terça-feira (16), para dizer que foi procurado por moradores do bairro Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, que relataram terem sido abordados por dois homens interessados em fazer a segurança do prédio onde vivem. O fato chamou a atenção do prefeito, que enviou o caso para o secretário municipal de Ordem Pública, delegado Brenno Carnevale.
Segundo Paes, os moradores não aceitaram o serviço de segurança e ficaram assustados com a oferta. Um dos homens, que enviou mensagem aos possíveis clientes, se apresentou como policial militar. De acordo com a oferta, a empresa que seria responsável pelo serviço trabalha para restaurantes, é legalizada com endereço fixo e CNPJ, além de emitir nota fiscal eletrônica.
"O que mais impressiona é que o sujeito se identifica como agente do estado para oferecer seus serviços de 'segurança'. Tem algo muito errado quando fora do horário de expediente alguém oferece serviços que deveriam ser oferecidos na hora do expediente. Toda vez que identificarmos uma situação assim, vamos denunciar publicamente (o objetivo é constranger mesmo) e encaminhar formalmente através do delegado Brenno para que as providências possam ser tomadas e - quando for o caso - esses agentes públicos possam ser punidos", escreveu Paes.
No modelo de contrato divulgado pelo prefeito, a empresa informou que o objetivo é "evitar a permanência de desocupados, pichadores e moradores de rua próximo ao local, auxiliar os moradores, lojistas e seus clientes no decorrer do serviço." A organização garante que os homens contratados como vigias iriam trabalhar desarmados, devidamente uniformizados, com rádio portátil e telefone, 24 horas por dia. 
O valor do serviço para residência é de R$ 500 e, para condomínios e prédios, o valor de um salário mínimo: R$ 1.412.
De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), o delegado Brenno Carnevale recebeu as denúncias sobre a prática de cobrança de taxas a moradores para prestação de serviços de segurança privada, com indícios de coação, em ruas do bairro de Jardim Botânico, nesta terça-feira (16). O órgão informou que o secretário acionou o setor de inteligência da secretaria para consolidar as informações e, nesta quarta-feira (17), irá formalizar, junto aos órgãos competentes, para continuidade das investigações.
Denúncia nas redes sociais levou a inquérito
Na última terça-feira (9), o prefeito Eduardo Paes, também por meio da sua conta no X, denunciou que uma organização criminosa ameaçou e tentou extorquir funcionários de uma empreiteira que realiza as obras no Parque Piedade, na Zona Norte, no terreno onde ficava a Universidade Gama Filho.
Os criminosos estariam ordenando que a obra seja paralisada caso a empresa não efetua um pagamento de R$ 500 mil - o valor total da construção do Parque Piedade é de R$ 65 milhões.
A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) instaurou um inquérito para apurar o caso. As investigações apontaram que o traficante Jean Carlos Nascimento dos Santos, o Jean do 18, é o responsável por exigir o pagamento da empreiteira.
O homem é considerado o líder do tráfico do Morro da Dezoito, que fica próximo ao local onde o parque está sendo construído. A Draco já pediu a sua prisão, assim como o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) o denunciou pelos crimes de associação criminosa, extorsão e ameaça. 
Considerado um detento de altíssima periculosidade, Jean Carlos está foragido desde que escapou da Penitenciária Lemos de Brito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em janeiro de 2023. Jean do 18 é condenado e réu em mais de 20 casos. Ele estava preso desde 2017, quando foi detido por policiais do 3º BPM (Méier) durante uma operação no Morro do Dezoito. Jean foi indiciado pelo homicídio de Roberto Viegas Rodrigues, que era seu advogado, e por ocultação de cadáver. Na época, ele já acumulava mais de 20 mandados de prisão.