Diego Braga Alves, de 44 anos, encerrou sua carreira profissional com 23 vitórias, oito derrotas e um empateReprodução/Redes Sociais

Rio - Atletas e entidades utilizaram as redes sociais para prestar homenagens e lamentar a morte de Diego Braga Alves, de 44 anos. O lutador de MMA estava desaparecido e foi encontrado sem vida, nesta segunda-feira (15), no Morro do Banco, no Itanhangá, na Zona Oeste. A vítima foi até o local para tentar recuperar sua motocicleta, furtada dentro do condomínio onde morava, na Muzema, na mesma região. Um acusado pelo crime foi preso na manhã desta terça-feira (16). 
Diego lutou nos estilos MMA e Muay Thai e encerrou sua carreira profissional em 2019, com 23 vitórias, oito derrotas e um empate. Nas redes sociais, a Confenderação Brasileira de MMA (CBMMAD) agradeceu aos anos de dedicação do lutador ao esporte. "Luto pelo mestre, amigo e parceiro. Que dor sem tamanho. Obrigado por tudo, mestre, e você sempre será lembrado em cada lugar que levarmos a nossa bandeira do Brasil!". 
Em sua trajetória, Diego enfretou adversários marcantes e grandes nomes da luta, como Charles do Bronx, ex-campeão da categoria peso-leve do UFC, além de Miltinho Vieira, Adriano Martins e Iliarde dos Santos. Os dois primeiros, que seguem lutando na maior competição de lutas do mundo, lamentaram a morte de Braga nas redes sociais.
"Meus sentimentos a toda a família. Deus coloque em um bom lugar", publicou Charles. "Indo dormir com essa notícia horrível. Diego Braga, um grande homem, pai, amigo e lutador dos rings e da vida. Casca grossa daqueles que não se fazem mais. Puro, do bem, sangue bom. Sempre uma alegria encontrar com ele nos bastidores dos eventos mundo a fora. Vai deixar muitas saudades. Descanse em paz, grande guerreiro!", declarou Miltinho.
O lutador também treinou com os irmãos Rogério Minotouro e Rodrigo Minotauro, além de Anderson Silva, que desabafaram sobre a violência, compartilharam mémorias e fizeram elogios a Diego. "Ainda me custa acreditar. Grande amigo, irmão, fiel, pai exemplar, trabalhador, deixou um grande legado por onde passou. Descanse em paz, Diego. Que Deus te receba de braços abertos e conforte o coração da família e dos amigos. Te amo", escreveu o primeiro.
"Onde essa violência vai parar, meus amigos? Que covardia terrível, que coisa sinistra que não tem explicação alguma. Sempre gratos por tudo que passamos, meu irmão, todos os momentos, toda a parceria, todos os treinos, tantas horas que dividimos o tatame, as metas, os sonhos juntos. Venho agradecer tudo que fez por mim e pelo nosso time, meu irmão. Não tem palavras que possam confortar os familiares e amigos, ações covardes como essa não podem acontecer", desabafou Minotauro.
"Sempre lutou por um futuro melhor, acreditando na força da comunidade e no poder da educação. Sua visão de um Rio de Janeiro mais seguro e justo era a luz que guiava suas ações. Mas essa mesma violência que você tanto combateu acabou por ceifar sua vida, deixando um vazio imenso em nossos corações. Sua ausência é um lembrete doloroso do quanto ainda precisamos lutar para mudar a realidade que nos cerca. Sua partida nos ensina que cada momento é precioso e que devemos continuar lutando pelo bem, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Você deixou uma marca indelével em nossas vidas, inspirando-nos a ser melhores, a lutar por um futuro em que a violência não dite nosso destino", afirmou Silva.
 
Atualmente, o atleta dava aulas na academia Tropa Thai, localizada na região de Rio das Pedras e Tijuquinha, na Zona Oeste do Rio. Em luto pela morte do profissional, o estabelecimento cancelou todas as aulas desta segunda-feira. A vítima também treinava o filho, Gabriel Braga, que seguiu seu caminho na artes marciais. Ainda não há informações sobre o horário e local do sepultamento de Diego. 
Entenda o caso
Em uma publicação nas redes sociais na segunda-feira, Diego divulgou que sua motocicleta havia sido furtada de dentro do condomínio em que morava, por dois criminosos. A ação dos bandidos foi registrada por uma câmera do local e aconteceu por volta das 3h. Na gravação, os suspeitos aparecem em outra moto e param próximos à do lutador, quando o carona desce e pega o veículo da vítima. Os assaltantes estavam de capacete.
Depois que soube do crime, ele foi até o Morro do Banco para tentar recuperar a moto e acabou assassinado, porque teria sido confundido pelos traficantes da comunidade com um miliciano. Segundo a Polícia Militar, o 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foi acionado para uma ocorrência de disparos de arma de fogo, na Estrada de Itajuru, e encontrou vítima em uma área de mata. O lutador foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde a morte foi confirmada.
A Muzema, onde ele morava, e o Morro do Banco eram dominados por milicianos até o ano passado, quando foram tomados pelo Comando Vermelho. A área agora seria chefiada por uma das lideranças do Complexo da Penha, o narcotraficante Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala. Na manhã hoje, um dos suspeitos do crime foi preso com drogas dentro da própria casa, na comunidade. O homem confessou a participação e foi encaminhado para a 16ª DP (Barra da Tijuca). As buscas da PM por outros envolvidos continuam na região.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) assumiu a investigação do assassinato e os agentes coletam informações e realizam diligências para identificar os outros autores. O Disque Denúncia divulgou um cartaz e recebe informações sobre os envolvidos pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; pelo WhatsApp dos Desaparecidos, no (21) 98849-6254; e por meio do aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.