Marcello Siciliano é investigado por suposta ligação com milícia de ZinhoArquivo / Severino Silva / Agência O Dia

Rio - A Polícia Federal investiga uma suposta relação entre o ex-vereador Marcello Siciliano e a maior milícia do Rio, de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou em dezembro do ano passado à polícia. Os investigadores encontraram mensagens trocadas entre o ex-parlamentar e Vitor Eduardo Cordeiro Duarte, o Tabinha, preso em agosto de 2022 por fornecer armamentos e munições à quadrilha. A PF afirma em relatório que Tabinha e Siciliano eram próximos. A informação foi divulgada pelo programa "RJ 2", da TV Globo, na noite de quinta-feira.
A investigação teria identificado que o ex-vereador conseguiu ajuda de milicianos durante sua campanha eleitoral para deputado federal em 2022 na qual não se elegeu. A negociação era realizada por Tabinha, preso na primeira fase da Operação Dinastia.
Em dezembro do ano passado, Siciliano teve o sigilo telefônico quebrado durante a Operação Dinastia 2. Os agentes descobriram áudios enviados por Tabinha para o ex-parlamentar que evidenciam preparativos para a apresentação de Siciliano como candidato político do grupo, inclusive com a sua participação em um bingo realizado no Dia dos Pais.
No entanto, o ex-vereador não foi ao evento, pois era o seu aniversário. Como resposta, ganhou parabéns do miliciano e um feliz aniversário de uma pessoa a quem Tabinha se refere como "Irmão". Tal pessoa seria o próprio Zinho. "O irmão mandou um feliz aniversário e obrigada por tudo, te amamos", diz a mensagem.
A investigação da PF identificou ainda um pedido da milícia para transferência de três policiais militares para o setor de inteligência do 27º BPM (Santa Cruz). A indicação dos nomes, segundo a Polícia Federal, foi feita por Alan Ribeiro Soares, o Nanan, morto a tiros em novembro do ano passado em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Os PMs, no entanto, não foram transferidos. Questionada sobre a interferência, a Polícia Militar não retornou. 
O ex-vereador Marcello Siciliano afirmou que foi surpreendido durante uma viagem com a informação veiculada pela imprensa. O ex-parlamentar disse ter 
liberdade de circular em todas as comunidades exatamente porque não participa de nenhuma ilicitude. "Não vi nenhuma situação que confirme isso. Muito pelo contrário. Sempre fui um político de apelo popular, que circula em comunidades do Rio de Janeiro. Não é minha a responsabilidade essas áreas estarem há décadas dominadas por organizações criminosas. Na minha campanha, sou recebido e atendo centenas de pessoas e diversas lideranças locais, não me importando que tipo de poder paralelo predomina naquele local", afirmou.
"Se, passados anos de uma campanha, descobre-se que essa ou aquela pessoa está envolvida com ilegalidades, isso não pode ser de minha responsabilidade, como também não é minha responsabilidade, se em ano eleitoral, recebo diversos tipos de pedidos. Sou responsável apenas por aquilo que faço, e posso afirmar que nesse caso da indicação dos policiais para outro batalhão, e em várias outras silimilares, não fiz nenhum movimento para atender o que fosse de legalidade duvidosa. Com essa notícia que acabei de saber, continuo me colocando à disposição das autoridades, como sempre estive e sempre estarei sempre que necessário, pois sou uma pessoa íntegra e de conduta ilibada", completou Siciliano.