Agentes da Vigilância Sanitária realizaram vistoria no Lar Melhor IdadeReprodução / Redes sociais

Rio - Um lar para idosos em Itaguaí, na Região Metropolitana, está sendo investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio (MPRJ). Nesta quarta-feira (31), agentes da Vigilância Sanitária interditaram parcialmente  a instituição para novas admissões. Em depoimento à 50ª DP (Itaguaí), uma advogada afirmou que seu pai, de 72 anos, foi vítima de maus-tratos. O responsável pelo estabelecimento, no entanto, alega que as acusações são mentirosas e afirma que tem feito melhorias no espaço desde que assumiu a gestão, no início deste mês.
"Ao ver a cena, me desesperei e não aceitei entrar para a estatística. Não aceitei pegar meu pai morto. Junto com meu pai, havia mais 14 idosos vítimas de maus-tratos", escreveu nas redes sociais.
De acordo com a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, a mulher foi visitar o pai na última sexta-feira (26) e ficou assustada com os relatos dos idosos, que apresentavam escoriações, sarna e perda de peso. O grupo ainda seria submetido a banho conjunto de mangueira, por volta das 5h, com água gelada no quintal do abrigo.
O MPRJ informou que, em agosto de 2023, instaurou um procedimento para fiscalizar o funcionamento do abrigo assim que teve conhecimento da sua existência. Na época, o espaço tinha o nome de "Lar Noah" e era gerido por Lorraine Gomes Pinto Bastos, que deixou a administração no dia 31 de dezembro.
Em outubro, a Vigilância Sanitária e o Conselho Municipal da Pessoa Idosa realizaram uma vistoria no local e enviaram relatórios ao MPRJ informando que havia irregularidades e necessidade de reparos nas estruturas, mas que a instituição possuía organização razoável e possibilidade de adequação. Com isso, o órgão expediu uma recomendação para que o abrigo regularizasse os pontos apontados nos relatórios e apresentasse os documentos necessários ao funcionamento da instituição. Os papéis foram entregues pelo responsável em novembro.
Em janeiro deste ano, Weverton Assis Leão assumiu a gestão do abrigo, que passou a se chamar "Lar Melhor Idade". Ele afirma que a nova administração não tem qualquer relação com a gestora anterior.
Nesta quarta-feira, a Vigilância Sanitária retornou ao local para uma vistoria em cumprimento à recomendação do MPRJ. Até o momento, o relatório não foi finalizado, mas a Promotoria de Justiça recebeu a informação de que os agentes realizaram a interdição parcial do lar para novas admissões.
"Assim que recebido o relatório de fiscalização da Vigilância Sanitária, serão adotadas todas as medidas que se fizerem necessárias, incluindo ajuizamento de ação para interdição do local, se for o caso", comunicou o MPRJ.
O caso também está sendo investigado pela 50ª DP (Itaguaí), onde a mulher registrou ocorrência. Em nota, a Polícia Civil informou que os idosos foram ouvidas e encaminhados para realizar exame de corpo de delito. A perícia foi feita no local e os agentes intimaram os responsáveis pelo lar para esclarecimentos.
Procurado pelo DIA, Weverton Assis Leão, responsável pelo abrigo, afirmou que assumiu a gestão em janeiro com objetivo de melhorar as condições de vida dos idosos. Com isso, entrou em contato como Ministério Público para entender como faria para regularizar o espaço e recebeu 60 dias para adequar a situação. Ele afirma que, até o momento, fez reparos emergenciais, como o corte da grama e mudanças nas alimentações dos pacientes.
Além disso, Weverton afirma que as denúncias de maus-tratos são mentirosas. "Não procede, uma vez que, com a nova gestão, foi contratado uma nova equipe e iniciados os ajustes de melhorias nas instalações. Os banhos frios são para aqueles que desejam. Em relação aos banhos em conjunto, isso não procede, pois até os quartos são separados. A casa sempre está aberta para visita de todos", afirmou.