Rio - O paradeiro do menino Edson Davi Silva de Almeida, de 6 anos, completa um mês neste domingo (4) sem conclusão. A principal linha de investigação da Polícia Civil é a de afogamento na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, mas, até o momento, não há provas que apontem que o menino, de fato, entrou no mar. A família da criança descarta afogamento e acredita que o menino tenha sido sequestrado enquanto brincava.
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Para marcar a data, familiares de Edson Davi organizaram uma nova manifestação neste domingo (4), às 11h, na Praia da Barra da Tijuca, na altura do Posto 4. Para a mãe da criança, Marize Araújo, o mês foi marcado por muita dor e angústia. "Infelizmente estamos vivendo um luto sem nem saber o que de fato aconteceu com meu filho. Nós acreditamos que ele está vivo e foi levado por alguém, mas precisamos de uma conclusão. Tenho fé que ainda vou encontrar com ele, eu acredito", disse ela.
Ainda segundo Marize, a família tem encontrado dificuldades para se comunicar com a Polícia Civil. "Tudo o que nós sabemos hoje é por causa da imprensa ou de amigos. Não estamos tendo contato nenhum com a polícia", desabafa Marize.
O que se sabe até agora do paradeiro
Durante esses 30 dias, a Polícia Civil vem analisando diversas pistas e buscando imagens para identificar o passo a passo feito por Edson Davi até o seu desaparecimento. De acordo com a delegada Elen Souto, responsável pelas investigações e titular da Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA), foram analisadas 13 câmeras em um perímetro de dois quilômetros. Após análise, foi constatado que o menino não saiu da praia.
A família do menino, por sua vez, acredita que há uma câmera na orla que poderia ter registrado a movimentação, mas que estava fora de serviço no dia do fato. No último dia 30, um novo vídeo deu esperanças para a família do menino. As imagens mostram Edson Davi na barraca dos pais com o cabelo seco, minutos antes do seu desaparecimento ser notado.
A gravação foi realizada por um funcionário da barraca e seria de um momento posterior ao dos vídeos que mostram a criança próximo ao mar. Para Edson dos Santos Almeida, pai do menino, as imagens são uma pista de que havia muitas pessoas na praia naquele momento e que se o menino fosse visto entrando no mar, a família teria sido avisada. Segundo a família, a filmagem é de 16h46. Às 17h, ele não foi mais visto.
"Por volta das 17h, eu senti a falta dele. Aí minha mulher ligou. Pedi para um funcionário meu ir até a margem ver se achava ele e fiquei desesperado. Foi perto de um hotel onde tinha muito movimento de criança e não o vi. Subi do lado do quiosque, depois fui a um estacionamento onde todos o conheciam, procurei no calçado de um em um", disse Edson.
Bombeiros não viram Edson Davi entrar na água
Os militares do Corpo de Bombeiros que trabalhavam no dia do desaparecimento de Edson Davi e estavam afastados por questões psiquiátricas, disseram em depoimento, no último dia 29, que não viram o menino entrar na água.
Segundo a delegada Elen Souto, os bombeiros afirmaram que o mar estava agitado e que havia uma vala bem em frente à barraca da família. Os salva-vidas também destacaram que três bandeiras vermelhas estavam afixadas e que não viram a criança entrar na água. "Os bombeiros não viram nada, mas narraram que o mar estava agitado", contou.
Buscas continuam com o Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros não suspendeu as buscas pelo menino na praia da Barra da Tijuca desde que o desaparecimento dele passou a ser investigado. As buscas foram ampliadas para áreas além do posto 4. A operação conta com o empenho de guarda-vidas, mergulhadores, quadriciclos, motos-aquáticas, drones e helicópteros.
Tendo em vista as correntes marítimas e a possibilidade de deslocamento da vítima para locais mais distantes da costa, longe do ponto de possível submersão, a corporação ampliou a área de atuação. Atualmente, além dos pontos vistoriados pelos guarda-vidas em toda a orla da Barra, Recreio, Guaratiba e Sepetiba, há emprego de recursos também em praias da Zona Sul e de Niterói, onde aeronaves fazem sobrevoos diários.
Mergulhadores permanecem de prontidão para acionamento em caso do surgimento de algum novo indício. A operação segue sem previsão de encerramento.
Menino chegou a ser confundido com outra criança durante buscas
Dois dias depois do desaparecimento, os parentes de Edson Davi receberam a informação de que a criança estaria em uma loja da rede McDonald's, na Avenida Ayrton Serra, também na Barra da Tijuca, com um casal e outro menino. Por meio de uma foto enviada a eles, o pai da criança afirmou ao DIA que se tratava do filho e, junto com a mãe, chegou a comemorar na areia da praia. No início da tarde, por volta de 12h40, os familiares se dirigiram para um posto de gasolina na via e, posteriormente, à lanchonete. No entanto, ao chegarem no estabelecimento, Edson Davi não estava no local.
A criança que aparece na foto ao lado do casal e da outra criança no McDonald's, não é o desaparecido. Após a repercussão das imagens, a família compareceu ontem à 43ª DP (Guaratiba) para esclarecer que o menino foi confundido com Edson Davi. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a mulher diz que se trata do seu enteado, filho do seu marido, que tem características físicas semelhantes. "Recebemos uma denúncia de um menino no McDonald's que poderia ser o Edson Davi, infelizmente não era ele. Pedimos desculpas à família que foi exposta, não tivemos a intenção de prejudicá-los", disse Giovana.
O Programa Desaparecidos divulgou um cartaz que pede ajuda para localizar a criança. O Disque Denúncia recebe informações pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; pelo WhatsApp dos Desaparecidos, no (21) 98849-6254; e por meio do aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.
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