Primeiro polo de atendimento para pacientes com dengue é inaugurado no RioRoberta Sampaio / Agência O Dia
Primeiro polo de atendimento para pacientes com dengue é inaugurado na Zona Oeste
Estão previstos dez pontos espalhados em todas as regiões da cidade
Rio - Foi inaugurado na manhã desta segunda-feira (5) o primeiro polo de atendimento para pacientes com dengue no Rio. A unidade fica no Hospital Raphael de Paula Souza, em Curicica, na Zona Oeste. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, participaram da inauguração. A prefeitura instituiu estado de emergência de saúde pública no Rio por conta da doença.
Outros dois polos foram inagurados nesta segunda, nos bairros de Campo Grande e Santa Cruz, também na Zona Oeste. Ao todo, estão previstos dez, em todas as regiões da cidade, que serão abertos gradativamente. Além disso, os 150 pontos de hidratação que já tinham sido estruturados para as ondas de calor, agora serão utilizados para tratar pacientes com dengue.
Eles funcionarão nas dependências de unidades de Atenção Primária e contarão com equipes dedicadas formadas por médico, enfermeiro e técnicos de enfermagem, que farão o diagnóstico e assistência, classificação segundo o critério de risco e tratamento dos pacientes com dengue. Ainda esta semana estão previstas as inaugurações de outros sete polos: Bangu, Madureira, Del Castilho, Tijuca, Gávea, Centro e Complexo do Alemão.
O secretário municipal de Saúde explicou a importância do polo para o tratamento. "O paciente faz tudo aqui, colhe sangue, faz o hemograma e sorologia. Se precisar de hidratação, faz aqui mesmo, oral ou venal e se precisar de internação, também tem leitos dedicados a virose. O objetivo é que a gente consiga reduzir o número de casos graves e óbitos. Portanto, esse tratamento precoce faz toda a diferença", disse Soranz.
Durante a inauguração, a ministra falou sobre a vacinação contra a dengue, que ainda não tem previsão de iniciar. No entanto, a faixa prioritária será de crianças entre 10 e 14 anos. "Vamos trabalhar naqueles municípios que apresentaram, nos últimos anos, o quadro mais intenso de dengue e onde circula mais o sorotipo 2, que aquele que tá muito associado a essa explosão de casos e muitas vezes com agravamento. A vacina é uma grande esperança realizada, muito se pesquisa para ter uma vacina da dengue. São quase 40 anos de dengue, mas nesse momento, ela não oferece uma resposta para a situação atual porque ela é aplicada com intervalo de 3 meses e são duas doses. Ela é muito importante, mas será uma estratégia progressiva para ter o impacto que a gente espera de controlar a dengue e no futuro não ter mais a doença como um problema tão importante de saúde pública. Nossa mensagem principal é ter o Brasil unido contra a dengue", ressaltou a Nísia Trindade.
A importância dos cuidados na prevenção também foi citada pela ministra, que informou que 75% dos focos de dengue estão em casas. "Quero fazer um apelo a toda população e estendo isso a todos os prefeitos e prefeitos para que nós tenhamos uma ação muito ativa de combate aos focos de mosquito. A população tem que ter um papel muito forte em relação a prevenção", disse.
A estudante Karine Dias, de 9 anos, foi uma das primeiras pacientes atendidas em Curicica. A menina, que veio acompanhada da avó, procurou a unidade depois de apresentar sintomas da doença. “Ela tá com febre desde sexta-feira, toma remédio e volta, dor de cabeça também. Não estava querendo comer, bem indisposta. Aí hoje decidi trazer ela aqui pra ver se é dengue, estava muito preocupada porque minha mãe faleceu depois de ter chikungunya. Quase não dormi essa madrugada porque ela estava bem mal. Aqui em Curicica sempre teve muito mosquito, é muito bom ter esse polo aqui pra atender as pessoas”, explicou a avó Cirlane Sampaio, de 62 anos.
Um plano de contingência foi criado para o enfrentamento da epidemia. O planejamento prevê uma série de medidas para a assistência da população e o combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Entre as estratégias estão a criação do Centro de Operações de Emergência (COE-Dengue), a abertura dos dez polos de atendimento, a dedicação de leitos a pacientes com dengue nos hospitais da rede municipal, o uso de carros fumacê nas regiões com maior incidência de casos e a entrada compulsória em imóveis fechados e abandonados.
Neste início de ano, o município já registra mais de 11 mil casos da dengue, com uma taxa de incidência de 160,68 por 100 mil habitantes. Durante todo o ano de 2023, foram 22.959 casos. Já o número de internações bateu recorde no primeiro mês do ano, com 362 pacientes hospitalizados no município.
Os números da doença são altos em todo o Brasil, o que acende o alerta para a urgência de ações, tanto do poder público quanto da população. Em todo o país, são 243,7 mil casos, com 24 óbitos confirmados e 163 em investigação.
Febre alta, dor atrás dos olhos, no corpo e nas articulações, mal-estar e manchas vermelhas na pele com ou sem coceira são os principais sintomas da dengue. Nos primeiros sinais da doença, as pessoas devem procurar atendimento médico para o diagnóstico precoce e a eliminação dos riscos de agravamento da doença.
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