Rio - Um entregador denunciou uma moradora de um condomínio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, após ser impedido de subir pelo mesmo elevador que ela no último domingo (4). João Eduardo Silva de Jesus estava realizando uma entrega de garrafas de água no local quando a mulher, identificada como Claudia, informou que ele deveria utilizar o "elevador de serviço". Em um vídeo gravado pelo jovem, ela aparece na porta, impedindo o transporte.
"Seria a minha última entrega, cheguei lá, deixei dois fardos de água e depois voltei pra buscar o restante. Quando fui entrar no elevador, me deparei com ela lá falando que eu não subiria com ela. Eu questionei e comecei a gravar, ela tava muito alterada e falou que o elevador social era dela e que eu só poderia usar o de serviço. No momento, fiquei muito nervoso e depois muito triste com tudo que aconteceu porque tem uma lei que não permite essa atitude dela e mesmo assim ela agiu dessa forma", explicou João em entrevista ao DIA.
Na gravação, o rapaz diz: "Tô fazendo nada de errado com você". "Nada mesmo, mas você não vai subir aqui não", respondeu a mulher. "Por que?", questionou o jovem. "Pela sua ousadia", respondeu a mulher. "Ousadia de que? Me fala onde está a ousadia?", perguntou novamente o homem e recebeu a resposta: "De falar que não tem mais elevador de serviço".
Em outro momento a mulher diz: "Eu sou condômina. Eu pago condomínio. Você paga?". João responde: "Tu paga condomínio. Qual diferença tem se tu é condômina ou não? Tu é melhor que eu?". Após a confusão, o jovem opta por sair do elevador e falar com o porteiro.
Entregador denuncia moradora após ser impedido de usar elevador em prédio na Zona Oeste.
Outros moradores assistiram a cena e se solidarizaram com o entregador. A historiadora Sharleny Pereira, de 25 anos, foi uma das pessoas que presenciou a confusão no hall do prédio. De acordo com ela, Claudia estava alterada e João acuado. "Ele estava falando baixo, mas ela esbravejava. Logo de início, eu entendi o que era, me meti, falei que ia chamar o porteiro e ela disse que não era pra eu me meter. O porteiro pediu pra ele trocar de elevador pra evitar o desgaste", contou ao DIA.
A jovem ajudou o rapaz a colocar as garrafas em outro elevador e a entregá-las no apartamento. A historiadora contou que naquele momento, Claudia disse que ela não precisava fazer aquilo porque não era entregadora. "Eu respondi falando que não era entregadora, mas era ser humano. Ela me xingou, xingou minha mãe que também tava. A gente agiu pra defender o João e ela começou a xingar, completamente alterada e preconceituosa", explicou Sharleny.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 32ª DP (Taquara) como injúria por preconceito. Segundo a corporação, a mulher será chamada para prestar depoimento e diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.
De acordo com o autor da proposta, vereador Waldir Brazão, o objetivo da norma é coibir qualquer tipo de discriminação e proporcionar o dinamismo para o acesso a estabelecimentos privados.
“A situação interfere diretamente no cotidiano das pessoas, uma vez que devido às condições precárias do transporte público e congestionamentos no trânsito, filas para adentrar elevadores podem atrapalhar ainda mais a vida do cidadão”, defende o vereador.
As penalidades previstas em caso de descumprimento são de advertência, podendo ser cobrada uma multa no valor de R$ 5 mil reais, em caso de reincidência, O texto ainda define que o valor da multa pode ser alterado de acordo com a atualização do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
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