Milhares de pessoas compareceram ao Bangalafumenga neste domingoRenan Areias/Agência O Dia
Bangalafumenga atrai público de todas as idades na Glória
Bloco acontece desde 1998 e é considerado um dos mais tradicionais da cidade
O bloco Bagalafumenga, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, acontece neste domingo (11), e atrai pessoas de todas as idades. Milhares de pessoas foram até o evento, que acontece na Glória, Zona Sul.
O DIA conversou com algumas pessoas que foram ao bloco para captar um pouco da animação do evento. Mariangela, de 46 anos, contou que comparece ao Bangalafumenga todos os anos.
"Eu venho para o Banga todo ano porque é um bloco tradicional. Na verdade eu venho de bloco em bloco desde ontem, mas a gente sempre acaba no Banga porque é um bloco muito bom. Ele é parado, dá para a gente descansar um pouquinho. Os outros são andando, mas esse é parado (risos)", contou.
Outra pessoa que também vai sempre ao bloco é Manoela Gomes, de 35 anos. Ela ressalta que o bloco é bem completo e única preocupação é se divertir durante o dia.
"Estou acostumada a vir ao Banga. Amo o Banga, pelas cores, pela diversão, pelo ritmo, por tudo. Já estou aqui com as minhas raízes cravadas no chão para curtir o dia inteiro. O sol está aliviando, está divertido, tem bastante ambulante para atender a população, tem banheiro... então é basicamente se divertir", ressaltou.
Muitos foliões aproveitam para investir na fantasia. É o caso de Jonathan Dales, 32 anos, que se fantasiou de noiva para curtir o evento. "É o quarto ano que eu venho. Para mim é o melhor bloco que tem, não existe outro", opinou.
Não há idade limite para curtir. O DIA também conversou com Maria José, de 88 anos, que contou que vai ao bloco todos os anos.
"Todo ano eu venho e fico aqui na grade. Fico até 10h ou 11h e vou embora, mas a juventude já não aguenta (risos)".
Muitas pessoas também podem curtir o bloco em família, como fez Ana Paula Torres. Ela, que tem 46 anos, conta que vai ao bloco já há muitos anos.
"Venho no Bangalufumenga há muitos anos. É um dos blocos que eu mais gosto, venho sempre em conjunto. Não abandono o bloco de jeito nenhum. Nosso lugar é aqui na grade, é o melhor lugar para assistir o bloco".
Há também quem veio de longe para curtir o bloco. É o caso das amigas Natália Pulze , Andressa borzilo, Bárbara Costa, que saíram de Fernandópolis, no interior de São Paulo, para conhecer o bloco.
O bloco e a história
O evento tem uma cantora nova, a Bia Sá, que está recebendo o bastão do Rodrigo Maranhão. Com a chegada da Bia, foi incluída no repertório a música "Triste, louca e má", da banda Francisco El Hombre, considerada um hino feminista. A versão do Banga traz um arranjo inédito, que inclui um maracatu na mistura para levantar o público.
Tudo começou com um evento chamado Bangalafumenga. Em 1998 – no Planetário da Gávea – idealizado pelo poeta Chacal, o projeto promovia encontro de novos compositores do samba e da música popular, e também a turma da poesia e das artes em geral. Rodrigo Maranhão e Celso Alvim ficaram com a missão de organizar a parte musical e a batucada pra receber convidados especiais. A paixão pelo carnaval era um ponto em comum de interseção entre todos, e em fevereiro de 1998 fundaram o bloco de nome Bangalafumenga.
Ao longo do ano, o Banga segue fazendo a festa levando um pouco da energia do carnaval carioca mundo afora, num formato “BlocoShow” com 13 músicos, contando com os mestres de percussão do bloco, e já conquistaram a simpatia e dividiram palco com artistas como Fernanda Abreu, Zélia Duncan, Marcelo D2, Roberto Frejat, Seu Jorge, Paula Lima, Walter Alfaiate, Adriana Calcanhoto, Pedro Luís e a Parede, Serjão Loroza, Toni Garrido, Buchecha, Lucy Alves, Elza Soares, Milton Nascimento, Criolo, Moraes Moreira e David Moraes, Moska, Lenine, Roberta Sá entre muitos outros.
O repertório do Banga atualmente, além das composições próprias e de novos compositores, conta com clássicos da música brasileira pra compor um set que não deixa ninguém parado nos desfiles e nas festas fechadas. No mais, no dicionário, Bangalafumenga quer dizer um indivíduo sem importância, um “João Ninguém”. Na tradição do Rio Antigo, era o nome dado às casas da região portuária que abrigavam os escravos recém libertos com sua batucada, numa época em que carregar um violão ou batucar livremente pela rua era caso de polícia. Hoje com o Banga na área, a festa está liberada, o surdo bate forte sem medo e a casa recebe seus convidados de portas abertas.
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