Mãe e filha são investigadas por agredir jornalista Daniel Nascimento durante discussão em supermercadoReprodução/Arquivo pessoal

Rio - Letícia Karam de Assisdenunciada por injúria racial e lesão corporal contra o jornalista do DIA Daniel Nascimento, também está sendo denunciada por outras três pessoas pelos mesmos crimes, além de homofobia. Na noite de sexta-feira (16), Letícia foi presa em flagrante por racismo durante uma briga com Daniel, após policiais militares assistirem ao vídeo dela cometendo o crime (veja o vídeo abaixo). No entanto, conforme apurado pela reportagem, nesta mesma data e local mãe, filha e genro, todos negros, também foram agredidos com socos e vítimas de injúrias por parte de Letícia.
Márcia Martins, de 45 anos, disse em depoimento na 52ª DP (Nova Iguaçu) que presenciou Letícia ofendendo o jornalista com insultos racistas. Ao tentar defender a vítima, Letícia também a teria insultado. "Eu fui em defesa do Daniel porque eu sei que o que ela estava fazendo não era certo, foi preconceito. Aí ela me chamou de 'neguinha feia', 'negrada'. Me senti um lixo ouvindo tudo aquilo", desabafou Márcia.
Em seguida, a filha dela, Brenda Patrine, de 28 anos, também rebateu as falas preconceituosas de Letícia e foi ofendida. "Sua feia, horrorosa, olha como você está vestida", teria dito Letícia para ela. Em depoimento, Brenda também contou que foi agredida pela mulher. Também na 52ª DP, Arilson Santos de Melo, de 26 anos, genro de Márcia, detalhou que sofreu outras agressões e ofensas da mulher quando tentou impedi-la de ir embora do supermercado antes da chegada da Polícia Militar. "Você não encosta em mim. Você tem cara de veado", teria dito Letícia. Arilson afirma que após a fala pejorativa, ele foi agredido por ela com um soco no rosto e pisões no pé. 
Letícia foi presa em flagrante na sexta-feira (16) por injúria racial e também responde por lesão corporal e homofobia. A mãe dela, Rosemary Karam, também é investigada por lesão corporal. No domingo (18), em audiência de custódia, a Justiça do Rio concedeu liberdade para ela, impondo medidas cautelares. Letícia deverá comparecer a cada três meses ao juízo da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu; está proibida de fazer contato e de se aproximar das vítimas e das testemunhas dos fatos; também está proibida de ausentar-se da comarca por prazo superior a quinze dias.
Relembre como a discussão começou
A discussão envolvendo mãe, filha e colunista começou por causa de um lugar na fila do caixa do estabelecimento. Segundo Daniel, a mãe, Rosemary Karam, que aparece de cabelo loiro no vídeo, saiu da fila e tentou retornar, esbarrando nele. O jornalista, então, disse que ela precisava decidir onde ficaria, já que a filha dela estava guardando lugar em uma outra fila do caixa.
Veja o vídeo:
"Ela me olhou e disse que ficava onde quisesse. Disse também que era advogada criminalista e que não ia dar em nada. Depois a filha dela começou a me xingar. Disse que eu era um morto de fome, um pobre coitado e neguinho feio", contou Daniel.
Iniciou-se uma discussão entre os três e Letícia o teria agredido com arranhões e socos. Segundo Daniel, ele reagiu à agressão e revidou com socos para conseguir se afastar. Momentos depois, ao impedir a saída das duas do mercado, o jornalista foi agredido com mais socos. Diante da situação, populares defenderam Daniel e se disponibilizaram a prestar depoimento contra mãe e filha. A Polícia Militar foi acionada e conduziu os envolvidos para a 52ª DP.
Nas imagens gravadas por Daniel Nascimento é possível ver Letícia, de cabelo preto, rebatendo os demais clientes do supermercado que reprovaram sua atitude. "Essa negrada aí", diz Letícia no vídeo se referindo ao colunista e aos demais negros do local. Ela também debocha dos manifestantes, como é possível ver no vídeo acima.
O caso segue em investigação na 52ª DP (Nova Iguaçu), que houve testemunhas para esclarecer os fatos. O DIA não conseguiu contato com Letícia e Rosemary. O espaço está aberto para manifestação.