Carolynna Assis, agora ex-rainha da escola de samba Vizinha FaladeiraReprodução / Instagram

Rio – A coordenadora de musos e musas e rainha da escola de samba Vizinha Faladeira, Carolynna Assis, de 33 anos, anunciou a sua saída da agremiação do Santo Cristo, Zona Portuária do Rio, nesta quinta-feira (22), após acusar um antigo vizinho, que hoje frequenta a escola, de assédio sexual.
Ela publicou um texto em suas redes sociais afirmando que não podia mais frequentar o mesmo espaço que o homem, contra quem já registrou dois boletins de ocorrência, o primeiro em 2015, por ser importunada constantemente. Ao DIA, Carolynna contou que os dois moravam na mesma rua até o início dos incidentes, quando a vítima passou a pedir ajuda a familiares.
"Esse senhor era meu vizinho. Eu morava atrás da escola e ele morava do lado da minha casa. Quando começou essa situação, fiz boletim de ocorrência contra ele. Até hoje, nada foi feito. Eu me mudei também por causa dele. Toda vez que eu tinha ensaio, trabalhava e chegava tarde, minha mãe ou meu irmão precisavam me esperar no portão ou eu pedia para alguém me levar, ou até o motorista de aplicativo me aguardar subir por causa de medo."
Os episódios de assédio relatados por Carolynna a fizeram mudar do bairro. Depois disso, segundo ela, o homem começou a frequentar a Vizinha Faladeira. "Provavelmente, porque ele não me via mais na rua e começou a frequentá-la para poder me ver."
Como consequência, a rainha não conseguia evoluir no samba e travava quando o assediador aparecia. "Minha família ficava ao meu lado. Se era um ensaio de rua, eles ficavam na calçada e não me deixavam andar sozinha", completou.
Carolynna salientou ainda que não divulgou o caso por medo de prejudicar a Vizinha Faladeira, que frequenta desde criança, além de ter o relato invalidado por outras pessoas na prórpia agremiação: "Eu saí da escola e todas as musas saíram comigo. Sabia que se saísse antes do Carnaval, eu prejudicaria a agremiação. Não queria fazer isso por causa da falta de atitudes de pessoas que deveriam me proteger ali dentro", afirmou.
Em nota publicada nas suas redes sociais, Carolynna relatou seu desconforto: "A questão é que, na teoria, quando se trata de um desconhecido, as pessoas militam, se expõem, falam que precisam proteger as mulheres. Na prática, quando se trata de um conhecido, muitas vezes jogam panos quentes."
Em nota, a Vizinha Faladeira disse repudiar "veementemente qualquer forma de assédio" e afirmou que tomará todas as medidas cabíveis para garantir que a Justiça seja feita.
Caso está na Justiça
De acordo com a 4ª DP (Praça da República), "a investigação foi concluída e o caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), no ano de 2017."