Coletiva de imprensa realizada na sede da OAB-RJ, nesta terça-feira (27), sobre o assassinado do advogado Rodrigo MarinhoRenan Areias/Agência O Dia

Rio - O secretário de Polícia Civil, Marcos Amin, afirmou que o executor do advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, tinha experiência com arma e sabia o que estava fazendo. Segundo as investigações, o criminoso pode não conhecer a vítima, mesmo que Rodrigo tenha sido chamado pelo nome antes de ser baleado. A atitude demonstra, inicialmente, que o executor queria ter certeza de que estava abordando o alvo certo. O advogado foi baleado duas vezes quando estava de pé e outras dez após cair.
A execução aconteceu em plena luz do dia, na calçada onde fica a sede da Ordem dos Advogados do Brasil no estado (OAB-RJ), e a poucos metros do Ministério Público e da Defensoria Pública. Rodrigo estava lanchando com o sobrinho no momento em que foi abordado por um criminoso encapuzado.
"Foram dois disparos em pé e dez com a vítima já caída. O executor já praticou esse tipo de crime e sabia o que estava fazendo, pelas imagens dá para ver isso, mas ainda é cedo para dar qualquer tipo de detalhe. Mas temos certeza que vamos chegar no autor, isso é certo", garantiu Amin em coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (27). Ainda segundo o secretário de Polícia Civil, apenas a hipótese de latrocínio foi descartada até o momento.
Amin destacou ainda que, caso fique comprovado que a motivação da execução tem relação com a advocacia, o crime será investigado como sendo um ataque ao estado democrático de direito. "Se houver qualquer confirmação de que a motivação foi pelo exercício da advocacia, trata-se de um crime contra um estado democrático de direito. Estamos ininterruptamente trabalhando nesse caso desde a chegada da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) nesse caso. Tenho a convicção que chegaremos aos autores desse crime hediondo", disse em coletiva. O secretário também observou a escolha do local do crime, sendo uma área policiada, por causa do TJRJ, e onde também transita diversas autoridades.
"Os melhores investigadores da DHC estão sendo capitaneados pelo delegado titular, Alexandre Herdy, que tem um histórico impressionante em soluções de caso. Ele está empenhado nesse caso. Não é prioridade, é exclusividade em razão de haver a possibilidade de relação com a atividade laboral", acrescentou Amin.
Participaram da coletiva o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Luciano Bandeira, o secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Victor César dos Santos, Marisa Gaudio, presidente da Caixa de Assistência da Advocacia do Rio de Janeiro (CAA-RJ), e Ana Teresa Basílio, vice-presidente da OAB-RJ. Dario Correia Filho, advogado representante do escritório onde a vítima trabalhava também esteve presente para acompanhar a coletiva de imprensa.
Na sede da OAB-RJ, Dario disse que escritório de advocacia do grupo ficou vazia, já que os funcionários estão com medo de novos desdobramentos do crime.
"Queria saber, de forma objetiva, se o Estado e a polícia tem alguma intenção de melhorar o policiamento na região. Por exemplo, nosso escritório, hoje, não tem nenhum advogado. Os advogados ficaram com medo de trabalhar hoje em razão de não saber o que acontece. O Rodrigo era um garoto muito bom, inteligentíssimo", lamentou o advogado.
Luciano Bandeira, que abriu a coletiva, ressaltou que a OAB-RJ pede por uma investigação rápida e efetiva, além de evidenciar se há relação do crime com a atividade profissional da vítima.
"Preocupa muito a OAB-RJ a segurança e a integridade dos advogados que atuam. Se existe alguma relação, isso causa uma preocupação muito grande à OAB-RJ. Isso que a gente quer, em primeiro lugar, garantir: a segurança dos advogados que atuam nos seus processos judiciais. Quando se atinge a advocacia, se atinge o próprio Estado Democrático de Direito", explicou.
O caso
Rodrigo foi morto no Centro do Rio, em frente ao escritório onde era sócio fundador, e próximo ao prédio da OAB-RJ. Imagens de câmeras de segurança mostram que um carro branco se aproximou do advogado às 17h16 de segunda-feira (26). Em ação que durou cerca de 14 segundos, um homem encapuzado deixou o veículo e efetuou diversos disparos, inclusive com a vítima já caída no chão. 
Até o momento, a principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelo caso, é de execução. Uma nova perícia foi realizada pela especializada nesta terça-feira (27) no local do crime. A investigação está em andamento para identificar a autoria e motivação do crime.
O corpo de Rodrigo será sepultado às 14h desta quarta-feira (28), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. O velório terá início às 11h, na Capela 2.
Quem era a vítima?
Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) desde novembro de 2011, Rodrigo Crespo fazia parte da Comissão de Direito Processual Civil. Também era sócio fundador do Marinho & Lima Advogados, tinha experiência em Direito Civil Empresarial com ênfase em Contratos e Direito Processual Civil. Ele se formou em 2005 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e tinha pós-graduação em Direito Civil Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Conforme consta no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), Rodrigo estava à frente das defesas de processos por posse, aquisição de bens materiais, indenização por bens materiais e confissão de dívidas. O advogado também atuou contra Glaidson Acácio dos Santos, o 'Faraó dos Bitcoins', em um processo que correu entre 2022 e 2023 na 3ª Vara Cível da Barra da Tijuca, Zona Oeste. O inquérito foi arquivado porque o homem que processou Glaidson deixou de se manifestar à Justiça após não conseguir a gratuidade no processo.