Entregadores reunidos em frente ao condomínio onde mora o cabo da policia militarDivulgação
Ao DIA, a entregadora Beatriz, amiga e colega de profissão da vítima, disse que a categoria busca por justiça. Segundo ela, o jovem baleado é conhecido como Sorriso.
"Ele é uma pessoa de um coração gigante. O que você precisar, ele vai te ajudar. Ele vai dar o mundo por você. É uma pessoa sem comparação. Infelizmente o mundo que a gente vive é complicado. Não tem motivo para fazer isso com ele", disse.
Nilton, de 24 anos, está internado em estado grave no Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte, desde a madrugada desta terça. Ele foi atingido com um tiro na coxa. A bala, segundo parentes, atravessou a perna direita e atingiu duas artérias. Ele precisou ser submetido a duas cirurgias e recebeu bolsas de sangue.
O rapaz trabalha como entregador de aplicativo há cerca de quatro anos. Antes disso, vendia balas no sinal. Ele fazia entregas de bicicleta e costumava ficar na Estrada Intendente Magalhães, na Zona Norte.
A Polícia Civil afirmou que Rony se apresentou na 32ª DP (Taquara) e foi ouvido. De acordo com a corporação, "imagens do fato estão sendo analisadas e testemunhas serão ouvidas". O caso foi encaminhado para a 28ª DP (Praça Seca). A Corregedoria da PM também abriu um procedimento para apurar o fato. A arma chegou a ser acautelada, mas foi devolvida.
O caso
Nilton se negou a entrar no condomínio para entregar o pedido. Com a recusa, ele retornou ao estabelecimento. Minutos depois, o policial foi armado até a loja, na Praça Saiqui.
O entregador filmou os momentos antes de ser baleado, em que o PM já aparece com a arma na cintura. "Não estou armado, sou trabalhador. Estou sendo ameaçado, ele está querendo me agredir, mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão", disse Nilton.
Já o agente alegou que o motoboy foi mal educado com sua mulher, que teria feito o pedido. "Trabalhador, o c..., minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no ... Seja educado, não se propõe a fazer entrega? Então seja educado, minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação", falou.
Após ser baleado, o PM teria prestado os primeiros socorros e ido embora em seguida. O Corpo de Bombeiros foi acionado e encaminhou a vítima à unidade de saúde.
O que disse o PM
No registro de ocorrência, de acordo com o g1, Roy disse que chegou do serviço por volta das 19h40 e encontrou a mulher nervosa, “pois havia sido destratada pelo entregador do iFood, que se negou a entregar o lanche”.
Ainda a pedido da mulher, Roy foi até a Praça Saiqui para reaver a entrega. O PM afirma que “a todo momento era ofendido por Nilton, que incitava outros entregadores”. "Roy, para resguardar sua segurança, diante da atitude agressiva de Nilton, sacou sua arma e verificou se Nilton estaria com algum armamento", prossegue o registro.
“Nilton incitou os demais entregadores, que começaram a se inflamar contra Roy. O policial, já com a arma em porte velado, conversou com demais entregadores e explicou sobre a atitude desrespeitosa e agressiva do entregador", continua o relato.
"A mulher de Roy ligou para o 190 e pediu reforço. O cabo pediu que Nilton esperasse a chegada dos policiais, mas o entregador se negou. Nilton tentou pegar a arma de Roy, que, para preservar sua vida, efetuou um disparo na perna esquerda de Nilton”, destaca o boletim.
“Neste momento, Roy fez um torniquete na perna de Nilton e ligou para o 193 solicitando socorro”, finalizou.
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