Titulares das 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) do RioRenan Areias / Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil prendeu 134 pessoas envolvidas em crimes contra mulheres desde o início da Operação Átria, há uma semana. A informação foi divulgada durante coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (8) com delegadas de Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) de todo o Estado do Rio, na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte da capital.
Além das prisões, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e 6221 diligências. Os agentes atenderam 1768 mulheres vítimas de violência doméstica e alcançaram 4 mil pessoas em redes sociais. A Diretora do Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM), Tatiane Queiroz, valorizou a importância dos números conquistados nesta semana e destacou que o combate à violência contra as mulheres irá continuar por todos os dias do ano, mesmo após o fim da operação no dia 29 de março.
"Esses dados são importantes porque o enfrentamento à violência contra mulher parte da educação, da informação dessa mulher para ela procurar os equipamentos que estão disponíveis para ela no município, no estado ou na União. Hoje, nós trabalhamos com diversos Organismos de Política para Mulheres (OPM) e a Polícia Civil é um desses atores. Nós somos a porta de entrada que está aberta 24h desde sempre. Nós iremos continuar essa operação. Nós iremos prosseguir com todas as diligências até o dia 29 de março. Lembrando que o enfrentamento contra a violência contra a mulher dura 365 dias por ano. Ele é ininterrupto. Todas elas atendem todos os dias e trabalham com a questão informativa que é muito importante", destacou.
A delegada ainda informou sobre um formulário que foi preenchido por mulher nas ruas e em palestras com objetivo de acumular dados sobre a violência. A pesquisa apontou uma subnotificação dos casos.
"Até às 14h desta sexta, foram 454 mulheres que preencheram esse formulário, sendo que a maioria delas sofreu violência e nunca procurou um equipamento de enfrentamento à violência. Trinta e cinco já estiveram em cárcere privado e nunca denunciaram. O Estado precisa ter o conhecimento de que essa mulher está sofrendo algum tipo de violência", ressaltou Tatiane.
A delegada Fernanda Fernandes, da Deam de Duque de Caxias, explicou que a subnotificação também está ligada ao aspecto cultural. Ela conta que, em algum dos casos do formulário, a mulher afirma que não sofreu violência, mas depois responde que já passou por situações de violência psicológica, como xingamentos e humilhações. 
"Tem essa questão cultural, da naturalização das violências da nossa cultura machista, patriarcal e misógina. Com relação a isso, muitas mulheres não se reconhecem como vítimas e não vão à delegacia para registrar. Também há outras que sabem que são vítimas, mas são desmotivadas por parentes, amigos…’Isso é coisa de casamento’, ‘vai destruir sua família’, e a mulher segura o peso da denúncia e, muitas vezes, desiste quando chega na delegacia e sabe das consequências", explicou Fernanda.
A Operação Átria, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, acontece até o dia 29 de março. No Rio, as 14 unidades do DGPAM estão à frente do trabalho, com apoio da Polícia Militar, em todos os municípios. A operação ainda inclui ações preventivas como palestras e ações sociais.

Só em janeiro deste ano, mais de 3 mil medidas protetivas foram decretadas pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que houve um aumento de 33% em casos de feminicídio registrados em comparação com o mesmo período de 2023.
Em relação às tentativas de feminicídio, os números cresceram 20%. De acordo com levantamento, apenas no primeiro mês deste ano houve registro de 12 mulheres assassinadas e de 35 vítimas de tentativas de feminicídio. Em janeiro do ano passado, foram nove mortes e 29 tentativas.