Diego Braga Alves, de 44 anos, encerrou sua carreira profissional com 23 vitórias, oito derrotas e um empateReprodução/Redes Sociais
MRPJ denuncia oito pessoas por morte de lutador de MMA no Itanhangá
Diego Braga Alves foi morto a tiros por traficantes do Comando Vermelho (CV) que dominam o Morro do Banco; eles responderão por homicídio doloso qualificado
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou oito pessoas pelo crime de homicídio doloso qualificado em relação a morte do lutador e professor de MMA Diego Braga Alves, de 44 anos, ocorrida no Morro do Banco, no Itanhangá, na Zona Oeste, em janeiro deste ano. Segundo o órgão, todos os denunciados são da facção Comando Vermelho (CV).
De acordo com a denúncia, feita na terça-feira (26), o crime foi cometido por motivo torpe, porque os acusados suspeitaram que a vítima seria integrante de uma milícia rival da facção. Os criminosos também teriam matado o homem por meio cruel, já que o professor foi executado a tiros e submetido ao "tribunal do tráfico", sendo cercado por homens armados durante 20 minutos enquanto era questionado pelos traficantes. Nesse episódio, Diego ainda recebeu coronhada de fuzil na cabeça.
O MPRJ ainda destacou a qualificadora de que a morte aconteceu com recurso que dificultou a defesa da vítima, pois o lutador estava desarmado e se encontrava em desvantagem numérica em relação aos criminosos.
Outra qualificadora apontada pelo órgão foi o emprego de armas de fogo de uso restrito, inclusive calibre 5,56 (fuzil), além de 9mm.
Todos os oitos acusados também tiveram as prisões preventivas pedidas pelo MPRJ. A pena máxima para homicídio qualificado é de 30 anos.
Relembre o caso
Diego Braga Alves desapareceu na madrugada do dia 15 de janeiro após ir ao Morro do Banco em busca de sua moto, que havia sido roubada, na Muzema, também na Zona Oeste. O corpo do lutador foi encontrado no mesmo dia, na parte da noite.
Em uma publicação nas redes sociais, Diego divulgou que sua moto foi furtada de dentro do condomínio que morava, por dois criminosos. A ação dos bandidos foi registrada por uma câmera do local e aconteceu por volta das 3h. Na gravação, os suspeitos aparecem em outra motocicleta e param próximos à do lutador, quando o carona desce e pega o veículo da vítima. Os assaltantes estavam de capacete.
Depois que soube do crime, Diego foi até a comunidade vizinha para descobrir o paradeiro da moto, porém foi abordado por traficantes, que pensaram que ele era miliciano. A região da Muzema e do Morro do Banco era dominada por uma milícia até o ano passado, quando foi tomada pelo Comando Vermelho. A área segue sendo palco de disputas territoriais desde então.
A moto do lutador foi encontrada por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na comunidade. Pelo menos, três suspeitos do crime já foram presos.
Diego foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste. O velório teve a presença de atletas, como o ex-lutador Anderson Silva e Bebeto, ex-jogador de futebol.
Quem era a vítima
Lutador profissional de muay thai e MMA, Diego nasceu e foi criado na comunidade de Rio das Pedras, onde começou seus treinos. Ele se consagrou como lutador na equipe Ruas Vale-Tudo, do ex-UFC Marco Ruas, onde teve Pedro Rizzo como treinador.
A carreira profissional de Diego Braga no MMA teve início em 2003. Enfrentou grandes nomes como Charles do Bronx, Miltinho Vieira, Adriano Martins e Iliarde Santos. Além disso, treinou com Rodrigo Minotauro, Rogério Minotouro e Anderson Silva. O atleta se aposentou com 23 vitórias, oito derrotas e um empate em 2019, quando fez sua última luta.
Atualmente, Braga se dedicava a sua academia de artes marciais, Tropa Thai, localizada em Rio das Pedras. Na região, ele também realizava trabalhos sociais para afastar jovens da comunidade do crime e das drogas.
A vítima, que tinha apenas 44 anos, deixa o filho Gabriel Braga, grande destaque da equipe de sua academia, e a namorada, Julia Araújo.
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