Barco foi levado de imóvel da família com o próprio reboque e transportado por kombiReprodução / Arquivo Pessoal

Rio - Uma família teve um barco e o reboque dele roubados por pelo menos dois criminosos, em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. O crime aconteceu na madrugada de 23 março, na Alameda Santo Antônio, e os bandidos utilizaram uma kombi para o transporte. A embarcação ficava coberta e guardada em um imóvel vazio e em obras, que também pertence às vítimas, ao lado da casa onde moram. O caso é investigado pela 43ª DP (Guaratiba). 
Segundo o recreador infantil Jerry Adriani da Silva, de 45 anos, a família comprou o barco e o reboque entre setembro e outubro do ano passado, mas só conseguiu aproveitar a conquista durante o Natal e o Ano Novo. Ele conta que pagou R$ 45 mil pela embarcação e mais R$ 7 mil pelo reboque dela, mas o prejuízo deve se aproximar dos R$ 55 mil, já que os criminosos também levaram ferramentas da obra, como maquita e lixadeira, avaliados em cerca de R$ 3 mil. 
Ainda de acordo com Jerry, eles só perceberam o roubo durante a manhã, quando o filho notou que o portão do imóvel estava aberto. Depois de constatar o sumiço, o recreador pediu ajuda de vizinhos com imagens de câmeras de segurança da rua. Os vídeos que ele conseguiu mostram dois homens quebrando o cadeado da casa, entrando e depois carregando o barco para fora. De outro ponto, é possível ver a embarcação sendo puxada por uma kombi, com o próprio reboque. A família não conseguiu identificar a placa do veículo, por conta do brilho dos faróis. 
Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o recreador relatou que quando chegou ao Rio, há cerca de 25 anos, dormiu nas ruas. Ele também conta que trabalhou por cerca de 15 anos, em diferentes empregos, para conseguir comprar o barco, que leva o nome de sua sogra, Zefinha Barros, como forma de homenagem, após sua morte. Desde que anunciou o roubo e disse estar disposto a pagar uma recompensa, ele vem recebendo diversas mensagens de pessoas que afirmaram estar com a embarcação e pediram pagamentos de até R$ 10 mil, por meio do PIX, para devolver. 
"Era um sonho nosso de muito tempo ter esse barco. Trabalhamos de 10 a 15 anos para realizar esse sonho de ter o barco. A gente teve poucos momentos de prazer com o barco, conseguimos aproveitar só no Natal e Ano Novo (...) Além do prejuízo material, tem o sentimental. Aquele barco leva o nome da minha sogra não é à toa, ela era tudo para mim, então, batizei o barco com o nome pelo sentimento que tinha aquela conquista. Eles acabaram com esse sonho em questão de 20 minutos, levaram o trabalho da vida de uma pessoa", lamentou. 
O último vestígio da kombi que a família conseguiu foi na Estrada de Sepetiba. Jerry recebeu uma denúncia de que o barco estava na comunidade João XXIII, em Santa Cruz, também na Zona Oeste, mas não o encontrou no local. Eles desconfiam que alguém que os conhecia e sabia sobre o barco pode ter participação no roubo, já que ele não ficava exposto. Procurada, a Polícia Civil informou que diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime e esclarecer todos os fatos.
"Eu não sei ligar a televisão, eu não o que é sentar na sala da minha casa, eu trabalho muito. Quando eu não estou nos eventos, no fim de semana, eu estou fazendo obra, durante a semana, para vir um cidadão desse e levar o meu sonho", desabafou o recreador. Morando em Sepetiba há 19 anos, ele disse que a rua é tranquila, com fluxo apenas de moradores e que nunca havia presenciado algo parecido. Entretanto, afirma que o bairro tem pouco policiamento.
"É um sentimento de insegurança, porque a gente vive uma situação de insegurança total, uma impotência, porque a gente não têm ajuda do poder público. A minha indignação, a minha revolta é que não temos um poder público eficiente no bairro, não temos viaturas. Posso sair na rua, andar o bairro inteiro, que não tem uma viatura. Agora, a gente está nessa luta, correndo atrás e tentando resgatar o que era o sonho da nossa vida".