Érika de Souza Vieira Nunes levou o corpo do idoso a uma agência bancária, em Bangu, para tentar pegar um empréstimo Reprodução

Rio - A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) possui algumas regras para atender clientes considerados vulneráveis, seja em razão da idade, renda ou nível de endividamento. As medidas passaram a ser questionadas após uma mulher levar um idoso morto para tentar pegar um empréstimo de R$ 17 mil aprovado em seu nome na agência do banco Itaú em Bangu, na Zona Oeste. Erika de Souza Vieira Nunes foi presa nesta terça-feira (16) por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver.

De acordo com a Febraban, os bancos associados adotam critérios para a concessão de crédito, seguindo as legislações, normativos e boas práticas, assim como para atendimento a idosos e vulneráveis, cumprindo o compromisso com o bem-estar, segurança e satisfação do consumidor. Segundo a Federação, dentro do sistema de autorregulação bancária, a federação criou em 2021 regras de atendimento para esse grupo.
Na ocasião em Bangu, a mulher teria dito que Paulo Roberto Braga, de 68 anos, fez um empréstimo no valor de R$ 17 mil, para fazer uma reforma em casa e comprar uma televisão. Erika levou o idoso ao Itaú para que ele assinasse uma ordem de pagamento a fim de sacar o montante. O dinheiro era um seguro a qual ele tinha direito. No entanto, as atendentes passaram a gravar o episódio assim que desconfiaram. No vídeo, uma delas afirma que o idoso não está bem. Os funcionários, então, ligaram para o Samu.
Veja o vídeo:
Em situações com clientes vulneráveis, o normativo da federal inclui a capacitação e o treinamento de colaboradores em temas voltados ao atendimento e à proteção e direitos dos consumidores potencialmente vulneráveis, incluindo ações de orientação e informação para prevenção a fraudes e bloqueio de movimentações ou transações financeiras suspeitas, atípicas ou recorrentes, nos casos em que o consumidor se declare em situação de abuso patrimonial.
Em nota, o Itaú Unibanco informou que acionou o Samu assim que identificou a situação e que colabora ativamente com as autoridades para o esclarecimento do caso, registrado na 34ºDP (Bangu). De acordo com a polícia, o laudo da perícia apontou indícios de que a vítima estava morta há pelo menos duas horas. Isso porque livores cadavéricos, que são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação, indicam que Paulo não teria morrido sentado, como estava na cadeira de rodas, mas possivelmente deitado. Até o momento, o corpo do idoso ainda permanece no IML de Campo Grande.
As investigações estão em andamento também para identificar a causa da morte e como o empréstimo foi feito. A defesa de Erika, representada pela advogada Ana Carla Corrêa, garante que o idoso chegou vivo ao banco, além de informar que Paulo sofria com alcoolismo e enfrentava problemas de saúde recentemente, assim como o uso da cadeira de rodas.
Ainda segundo Ana Carla, informações como o motivo do empréstimo e o porquê a sobrinha não ter percebido que havia algo de errado com o tio durante o atendimento no banco, serão esclarecidas apenas em juízo.