Ato pró-Bolsonaro em CopacabanaRenan Areias / Agência Brasil

Rio - Em defesa da "liberdade", o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu aliados políticos e milhares de apoiadores na manhã deste domingo (21), na Praia de Copacabana, na Zona Sul. Apesar do discurso mais moderado de Bolsonaro, sem citações diretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, a manifestação teve ataques diretos a Alexandre de Moraes e até homenagens a Elon Musk, que ameaçou descumprir ordens da Suprema Corte brasileira.

Bolsonaro subiu em um dos caminhões e discursou por 35 minutos.. Neste horário, os manifestantes ocupavam as duas pistas da Avenida Atlântica na altura da Rua Bolívar, entre as ruas Xavier da Silveira e Barão de Ipanema – não foi divulgada estimativa de público.

Durante a fala, o ex-chefe do Executivo pediu uma salva de palmas ao dono da plataforma X: Segundo ele, Musk "teve coragem de mostrar o quanto de liberdade já perdemos".

"Peço uma salva de palmas para Elon Musk. Acusam o homem mais rico do mundo, que nasceu na África do Sul e naturalizou-se norte-americano, dono de uma plataforma cujo objetivo é o de o mundo ser livre. O homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo, o quanto de liberdade já perdemos", disse.

O ex-presidente também falou sobre as eleições de 2022. Diferentemente da postura adotada na época em que ocupava a Presidência, desta vez ele disse que "não estava duvidando" e que era uma "página virada".

"O que mais nós queremos é que o Brasil volte à sua normalidade, que possamos disputar eleições sem qualquer suspeição. Afinal de contas, a alma da democracia é uma eleição limpa onde ninguém pode sequer pensar em duvidar dela. Temos problemas hoje em dia. Façamos a coisa certa. Não estou duvidando das eleições, página virada", disse.

Bolsonaro ainda questionou sua inelegibilidade, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele disse que não atacou o sistema eleitoral e que foi condenado sem provas. "Eu não me reuni com traficantes do morro do Alemão (em referência a Lula), me reuni com embaixadores e me tornaram inelegível”, afirmou.

Além de Bolsonaro, discursaram o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto; a ex-primeira-dama, Michelle; os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano; a cubana nacionalizada brasileira Zoe Martínez; e os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer – que discursou em inglês por um momento. O governador Cláudio Castro também participou do ato, mas não chegou a discursar.

Também participaram, sem discursar, os filhos Carlos (vereador), Eduardo (deputado federal) e Flávio (senador); o deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem; e o ex-candidato a vice, general Walter Braga Netto.

Ataques a Moraes

O pastor Silas Malafaia, responsável pela organização do ato, concentrou seu discurso em ataques a Alexandre de Moraes, a quem chamou de “ditador da toga”.

“Na democracia ninguém tem medo de falar. Na ditadura eles não têm medo de calar o povo. Na democracia a opinião é livre, na ditadura a opinião é crime”, disse. Em um alinhamento com a sustentação de censura feita pelo dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, Malafaia disse que Moraes cerceou os deputados.

"Princípios cristãos"
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro repetiu a tônica da "guerra do bem contra o mal". Todo o pronunciamento dela foi centrado na apelação para os “princípios cristãos”. A ex-primeira dama ainda aproveitou para sinalizar a necessidade de apoio a candidatos com alinhamento a Bolsonaro nas eleições municipais deste ano. “Que vocês possam escolher bem os seus candidatos porque nós precisamos de uma política nova”, afirmou.

Michelle também incentivou os evangélicos a atuarem na política porque, segundo ela, trata-se de “uma ferramenta de transformação”. “(Vocês precisam) lutar por um país melhor. Há esperança, sim!”
Discurso em inglês
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) participou do ato e fez parte do discurso em inglês porque "o Elon Musk está olhando". Veja abaixo:
Mais "testosterona"
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) disse que o Brasil precisa de "mais testosterona" e negou a necessidade de mais projetos de lei e emenda. Num discurso de pouco mais de cinco minutos, Nikolas fez ataques ao presidente Lula e elogiou Bolsonaro e Malafaia.
Nikolas também debochou da baixa presença de petistas em atos pró-Lula, em comparação aos últimos atos. "Hoje o mundo está vendo quem é o verdadeiro líder do nosso país, Jair Messias Bolsonaro. É a primeira vez que temos um presidente da República que não consegue colocar o povo nas suas ruas", afirmou.