Nathan Torres (de óculos) e Luan Pereira Queiroz no IML Afrânio PeixotoCléber Mendes / Agência O Dia
'Parece um pesadelo', diz amigo de jovem que morreu afogado no Arpoador
Yuri Pereira escorregou na pedra e foi encontrado sem vida nesta segunda; Nathan Torres fez o reconhecimento do corpo
Rio - "Parece que estou preso em um pesadelo". É assim que o eletricista Nathan Torres, de 23 anos, descreveu a morte por afogamento do melhor amigo, Yuri Pereira Queiroz, da mesma idade. Yuri escorregou da Pedra do Arpoador no domingo (21) e foi encontrado já sem vida nesta segunda-feira (22). Foi Nathan quem reconheceu o corpo do amigo no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto.
Nathan foi ao IML para acompanhar o irmão mais velho de Iuri, Luan Pereira Queiroz, que não teve forças para fazer o reconhecimento. Segundo Nathan, a família da vítima está desolada. Além de Luan, Yuri tinha uma irmã mais nova, de 15 anos, e pais idosos.
"Foi desesperador para os pais. Pai, mãe, irmã, irmão, todos estão sofrendo. Vai ser muito difícil para mim e para família dele", desabafou.
Nathan e Yuri se conhecem há oito anos. Embora fossem moradores de Costa Barros, na Zona Norte do Rio, eles fizeram o ensino médio juntos no Colégio Estadual Professor Murilo Braga, em São João de Meriti. Nathan não estava na praia no dia do acidente. Amigos que presenciaram a cena ligaram para avisá-lo
"Eu estava num chá de bebê quando uns amigos me ligaram e contaram o que aconteceu. Ele estava comigo no sábado. É um buraco no peito. Yuri era um cara extrovertido, engraçado, gostava de ajudar o próximo. Então a ficha ainda não caiu. Parece que estou preso em um pesadelo. Não ter mais esse irmão para fases boas e ruins vai ser muito difícil para mim", disse.
Nathan relatou que, por algumas horas, manteve a esperança de que o amigo fosse encontrado vivo. De acordo com ele, a expectativa acabou quando os bombeiros interromperam as buscas na noite de domingo.
"Quando as buscas foram interrompidas pelos bombeiros, pois o mar estava agressivo e estava muito escuro, eu já tinha perdido a esperança de encontrar ele vivo. Só pedia para Deus me dar o corpo dele para pelo menos a gente se despedir de uma maneira justa", completou.
Yuri trabalhava em uma fábrica em Costa Barros. Antes, ao completar 18 anos, ele se alistou no Exército e ficou três anos na Brigada de Infantaria Paraquedista. Seu irmão mais velho afirma que ele era um rapaz "cheio de sonhos".
"O Yuri era muito parecido com um avô nosso que também é falecido. A gente fazia tudo para que o Yuri não fizesse escolhas erradas como muitos jovens. E o legado que ele deixou foi de um jovem trabalhador, divertido, cheio de sonhos e objetivos", finalizou Luan.
Ainda não há informações sobre data, horário e local do velório e sepultamento de Yuri Pereira Queiroz.
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