Érika de Souza levou um cadáver a uma agência bancária para sacar empréstimoReprodução/Redes sociais

Rio - Érika Souza Vieira Nunes, presa por levar o cadáver do tio Paulo Roberto Braga para sacar um empréstimo, está sendo investigada por homicídio culposo - quando não há a intenção de matar. De acordo com a primeira fase do inquérito na 34ª DP (Bangu), o idoso estava em situação "gritante de perigo de vida", o que pode configurar omissão de socorro. Érika também é investigada por vilipêndio de cadáver e tentativa de furto mediante fraude. Ela continua presa em Bangu, na Zona Oeste.
Agora, o delegado Fábio Luiz da Sila, titular da 34ª DP (Bangu), vai concluir as investigações para definir quais crimes Érika será indiciada. A defesa da presa, representada pela advogada Ana Carla de Souza Corrêa, contestou a inclusão desta tipificação penal e disse que no momento oportuno vai refutar a decisão.
Confira a nota da defesa na íntegra:
"Eu, Dra. Ana Carla de Souza Corrêa, na qualidade de técnica da Érika, tomei conhecimento pelos autos do processo que o Dr. Delegado incluiu como tipificação penal, aditando o registro de ocorrência, o delito de Homicídio culposo, sendo que as suas considerações foram baseadas, segundo ele, das declarações da própria Sra. Érika e também por outras testemunhas, o que a defesa rechaça, porque em nenhum momento a senhora Érika declarou ser cuidadora do senhor Paulo e nem exercia essa atividade, e as testemunhas que relatam em sede policial dizem do cuidado que ela tinha pelo Sr. Paulo ao acompanhá-lo, não que a mesma era cuidadora e tais testemunhas são pessoas completamente afastadas do vínculo familiar, sendo pessoas estranhas à relação familiar. Portanto, a defesa, em momento oportuno, estará contestando e refutando tal capitulação."
Investigações
Em sua oitiva, a mulher alegou que Paulo chegou vivo ao banco e que parou de responder no momento do atendimento no guichê. Enquanto prestava depoimento, Érika não demonstrou tristeza sobre o assunto, mas sim uma preocupação por estar presa.
O caso do idoso aconteceu no último dia 16 de abril, dentro de uma agência bancária de Bangu. Ele foi levado por Érika, que se apresentou como sua sobrinha, para resgatar R$ 17 mil do empréstimo realizado no nome do idoso. A mulher entrou com o cadáver em uma cadeira de rodas e conversou com ele normalmente, pedindo inclusive para que Paulo assinasse o documento que autorizava o recolhimento do dinheiro.
Funcionários da agência bancária desconfiaram e chamaram equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Contrariando o que a mulher falou, os agentes identificaram que Paulo teria morrido há cerca de duas horas, conforme explicou o delegado Fábio Luiz, responsável pelo caso. Segundo o titular da 34ª DP (Bangu), livores cadavéricos, que são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação, indicam que Paulo não teria morrido sentado, como estava na cadeira, mas possivelmente deitado.
Veja o vídeo:
Apenas pelo crime de vilipêndio de cadáver, que corresponder ao desrespeito aos mortos, Érika pode ficar presa de um a três anos, além de ter que pagar uma multa.