O velório e o sepultamento foram marcados por orações e gritos de justiça. Bastante abalados, familiares e amigos cantaram o hino do Flamengo, time de coração do personal, além de gritarem "Viva, China!", seu apelido. Por fim, as cerca de 80 pessoas que se despediram de Luís rezaram o Pai Nosso e o caixão foi sepultado com a bandeira do Rubro-Negro. Amigos que jogavam futebol com a vítima em um time fundado por eles vestiram a camisa da equipe.
A mãe de Luis, Antônia Edvânia, passou mal no início do enterro e precisou ser socorrida pelos presentes. A estudante de biomedicina Victória Mendes, namorada da vítima, também teve que ser amparada no cortejo. Emocionados, familiares não falaram com a imprensa.
A vítima foi baleada por volta das 6h de domingo (5), na Praia do Flamengo, também na Zona Sul, quando voltava de um luau junto com a namorada. O casal estava em um ponto de ônibus quando foi alvo de dois criminosos em uma moto. Os bandidos anunciaram um assalto e apontaram a arma para Victória. Luis reagiu e um dos assaltantes atirou nele.
O homem foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com a família, houve um desencontro de informações sobre o horário da morte. Por volta de meia-noite de segunda-feira (6), a mãe deixou o hospital com a notícia de que o filho estava vivo, precisando de sangue. Contudo, na manhã do mesmo dia, ela foi comunicada que Luís havia morrido às 22h do domingo (5). A família chegou a divulgar uma campanha pedindo doações de sangue para a vítima, sem saber que ela já estava morta.
"Também foi feito reforço das orientações para toda a equipe, para que fatos como este não se repitam. A direção pede desculpas à família e está à disposição para quaisquer outros esclarecimentos”, comunicou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Luis era filho único, formado em Educação Física, o que era um dos seus grandes sonhos, e apaixonado por esportes. O personal, conhecido como China, postava inúmeros registros jogando bola, que também era uma de suas paixões, além de diversas fotos com sua namorada. Morador de Laranjeiras, também na Zona Sul, o rapaz trabalhava em uma academia da região, e costumava ir ao Aterro do Flamengo com frequência.
O caso inicialmente foi registrado na 9ªDP (Catete). No entanto, a partir da morte, foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Agentes da especializada realizam diligências para identificar e encontrar os suspeitos do crime.
"O luto é uma dor insuportável. Isso por saber que a última vez que te vi com vida foi pedindo pelo amor de Deus que você apertasse minha mão, que você lutasse pra voltar pra mim, que você fosse forte. Você foi forte até onde aguentou. Me defendeu da ruindade, mas me deixou um vazio. Foi embora e levou tudo de mim. Tirou minha vida. Me sinto morta por inteiro por perde você. Foi luz e agora me deixou no escuro. Você era pura alegria e agora me deixou na tristeza. Você me deixou porque cansou de lutar. Tudo bravamente contra o crime, mas não aguentou e não resistiu em lutar pela sua vida", escreveu.
O casal gostava de sair e se divertir. As fotos divulgadas pela estudante mostram os dois em bares e em passeios, como de barco. Victória aproveitou o espaço para revelar o sentimento pelo namorado, citando até o sonho de um casamento.
"Você sempre será o amor da minha vida, sempre será o meu Felipe, meu calanguinho, meu bem mais precioso. Eu vou te amar para o resto da minha vida, porque só isso que eu posso fazer. Eu só posso te amar e buscar forças em você para ser forte. Você foi tudo para mim. Você é minha vida e eu teria dado ela por você, assim como você deu a sua. Eu estou em pedaços, morrendo de saudade e sentindo um vazio por dentro. Estou sem forças para continuar sem você, mas sei que estará comigo. Eu sei que você estará em mim. Você é a minha vida, nascemos para sermos parceiros, para ser meu melhor amigo, meu namorado e era pra ser meu esposo. Nos encontraremos em breve", completou.
Segundo a PM, agentes fazem patrulhamento em viaturas e motos, além de contarem com o apoio do Segurança Presente. O patrulhamento também foi intensificado com o Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom).
De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), entre janeiro e março deste ano, o Rio de Janeiro registrou 4.869 roubos de celulares em todo o estado, o que representa um aumento de 35,9% se comparado com os dados entre o mesmo período no ano passado.
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