Vila Olímpica da Gamboa foi rebatizada em homenagem a ApolinhoReprodução / Rio Film

Rio - A Vila Olímpica da Gamboa, na Zona Portuária do Rio, foi rebatizada com o nome do jornalista e radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, que faleceu na última quarta-feira (15), aos 87 anos, vítima de um câncer. A homenagem, assinada pelo prefeito Eduardo Paes, está na edição desta sexta (17) do Diário Oficial do Município.


O complexo esportivo passa a se chamar Vila Olímpica Radialista "Apolinho" Washington Rodrigues. No texto do decreto, Paes ressalta que o comunicador "teve uma carreira marcante pelo rádio brasileiro, sendo um dos mais conhecidos e carismáticos jornalistas do Brasil".

O prefeito do Rio declarou, ainda, que o radialista "foi um profissional respeitado e querido pelas quatro torcidas cariocas", destacando que Apolinho cobriu 13 copas do mundo, sendo a primeira delas em 1970, quando o Brasil conquistou o tricampeonato.

Após o velório na sede do Flamengo, na Gávea, Zona Sul do Rio, o corpo de Apolinho foi sepultado na tarde desta quinta (16), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul. A despedida contou com a presença de grandes nomes do meio do futebol, como Bebeto, Branco, Evaristo de Macedo, Joel Santana e Gérson "Canhotinha de Ouro".

Um dos grandes amigos de Apolinho, o narrador Luiz Penido se emocionou ao comentar sobre a morte do jornalista. "Eu me recuso a acreditar. Não quero assumir a ideia de que ele morreu porque ele é imortal. Achei também que ele fosse 'imorrível', mas todos nós somos mortais. Dói muito, no fundo da alma, no fundo do coração", desabafou.
A notícia do falecimento foi dada pelo próprio Penido, que se emocionou durante a transmissão enquanto comunicava a morte do amigo.

Vida dedicada ao esporte
Washington Carlos Nunes Rodrigues nasceu no Rio em 1936. Na juventude, dividia o tempo como bancário e como goleiro de futebol de salão, defendendo as cores do extinto Raio de Sol, de Vila Isabel. Sua carreira no rádio começou por acaso. Enquanto se recuperava de uma lesão, que o impedia de participar de um torneio, recebeu um convite da Rádio Guanabara para fazer uma consultoria sobre futsal.

"O futebol de salão é um esporte brasileiro. Eu fui para mostrar como eram as regras, apresentar jogadores e dirigentes", contou Apolinho, em entrevista ao Museu da Pelada, em 2017. Ele se destacou e acabou convidado para participar de um programa na rádio.

Apolinho conseguiu a primeira oportunidade após dois jornalistas, que transmitiam um jogo entre Vasco e Bonsucesso, no Maracanã, brigarem ao vivo. O diretor de rádio os suspendeu por 15 dias e "convocou" Washington para trabalhar naquele período.

Depois do retorno dos jornalistas, Apolinho passou a cobrir o futebol de aspirantes. Depois, foi para a Rádio Nacional, se tornando profissional, em 1966. Ele ficou até 1969, quando ingressou na Globo. Desde então, passou pelas rádios Continental, Vera Cruz, Tupi e Nacional. Ele também já foi colunista dos jornais O DIA e MEIA HORA, além de acumular passagens pela televisão.

Técnico e dirigente
Flamenguista apaixonado, Apolinho também trabalhou como técnico do clube em 1995, ano do centenário. Na época, Kleber Leite era o presidente. "Eu achei que o Kleber queria minha opinião sobre a indicação de um técnico. Minha sugestão era o Telê Santana, que conseguiria acalmar o racha interno, com disciplina, e fazer com que as cobranças diminuíssem. Mas ele me disse que o escolhido era eu", contou Apolinho, à ESPN, em 2019.

"Aquilo foi uma convocação. Eu tinha de ir. Eu saí da arquibancada para comandar a minha paixão", lembra. De acordo com o site Fla Estatística, ele comandou o time em 26 jogos. No período, foram 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. Em 1998, teve nova passagem pelo Flamengo, dessa vez como dirigente, e retornou à Rádio Tupi em 1999, permanecendo até a sua morte.

Por que Apolinho?

O apelido surgiu quando trabalhava na Rádio Globo, que comprou os equipamentos de comunicação dos astronautas da missão Apollo 11, da Nasa. "O apelido veio do microfone. O microfone se chamava Apolinho. A rádio comprou aquele equipamento. Aí o Waldir Amaral, que era o narrador, falava: 'Lá vai o Washington Rodrigues com o seu Apolinho'", lembrou o radialista, ao Museu da Pelada.

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