Rio - O homem preso por matar a menina S.A.V.S., de 11 anos, deixou a 37ª DP (Ilha do Governador), na Zona Norte do Rio, no fim da tarde desta terça-feira (28), sob protesto e xingamentos de quem o esperava do lado de fora da delegacia. Ele foi transferido por um blindado da Polícia Civil para a Polinter, na Cidade da Polícia, no Jacarezinho.
fotogaleria
Moradores da região estiveram no local para pedir justiça pelo caso. Um dos presentes chegou a ser levado para dentro da 37ª DP após bombas terem sido explodidas do lado de fora. Durante a transferência do preso policiais militares tiveram que usar gás lacrimogênio para conter os presentes. O policiamento foi reforçado no local.
"Ele não merece que a gente passe por isso. Ele vai pagar, nós vamos cobrar e ele vai ter que pagar", disse Paulo Sérgio da Silva, de 36 anos, pai da menina, que pediu aos vizinhos e amigos para não atrapalharem a transferência.
O suspeito foi preso nesta manhã na casa onde morava, no bairro da Portuguesa, após acusação de manter a menina em cárcere privado. Segundo a Polícia Militar, agentes do 17º BPM (Ilha do Governador) foram até o local, mas não encontraram a criança. Apenas um short, que seria da vítima, estava na residência.
O homem, que é irmão da ex-madrasta da vítima, foi autuado em flagrante pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e estupro de vulnerável.
Durante a tarde desta terça, agentes da 37ª DP foram até a casa do suspeito para realização de perícia e encontraram vestígios de sangue da menina. O homem teria tentado limpar o local depois que cometeu o crime e o abuso, mas os policiais conseguiram identificar os vestígios através de uma substância específica para o trabalho.
Ao DIA, Paulo contou que descobriu que o ex-cunhado é suspeito de ter perseguido e abusado de outras meninas. O pai esteve nesta terça-feira (28) na 37ª DP (Ilha do Governador), onde mães de vítimas foram ao local para registrar queixa contra o homem.
"Ele é um desgraçado. Já fez isso com outras meninas. Descobrimos agora. Ele se aproveitou do fato de ser próximo para fazer o que vez. Pelo que ouvimos, ele já estava marcando os passos da minha filha. Estou sem chão e destruído com tudo isso. Ele vai pagar pelo que fez. Os policiais disseram que ele falou o que fez e não demonstrou remorso nenhum", comentou.
O desaparecimento da menina aconteceu na manhã desta segunda-feira (27). Segundo relatos, a criança saiu de casa, na comunidade do Parque Royal, por volta das 7h, mas não chegou à escola. Imagens de câmeras de segurança registraram a vítima e o suspeito caminhando por uma rua do bairro da Portuguesa, na manhã do mesmo dia. Na gravação, ela aparece vestindo uma blusa branca, com casaco e short azuis que são, aparentemente, uniforme da rede municipal de ensino, bem como uma mochila.
O corpo da criança já foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio. Ainda não há informações sobre o seu sepultamento.
Caso semelhante
Com a confirmação da morte da menina, outras mães procuraram a delegacia para prestar queixa contra o homem nesta terça-feira (28). Uma delas disse que o suspeito perseguiu sua filha, de 12 anos, quando ela ia para escola há oito dias. O fato também foi registrado na 37ª DP na última semana.
"Eu tive um relato igual. A minha filha estava descendo para ir à escola. Era por volta de 14h. Ela passou e tinha uma pessoa aleatória, de blusa, calça e tênis preto. Ela andou para chegar no sinal para atravessar. Ele chegou por trás dela, botou a mão no ombro dela, perguntou pelo nome, falou: ‘Vem com o tio, que o tio tem dinheiro e tem doce’ e apontou pro carro, como se ela fosse entrar naquele carro. Só que eu já tinha instruído. Ela ficou em choque e nem conseguiu olhar para trás", contou.
A mulher ainda destacou que o homem correu atrás da menina no momento em que ela seguiu para a escola. Para ela, o suspeito do caso de sua filha é o mesmo que matou S.A.V.S.
"Ela correu atrás dela. Teve essa audácia de correr atrás dela. A escola era muito perto. Ela conseguiu entrar dentro da escola e ele não pegou. De repente, se ele tivesse pegado, era eu que estaria passando por isso aqui. Ela tem 12 anos. O mesmo biotipo. Inclusive, essa menininha estudou junto com ela. Ele não tem que sair da cadeia. O que ele fez, não se faz. Jogar dentro o filho dos outros dentro de um saco de lixo? Isso é muito sério. Isso não se faz", completou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.