Mães e pais manifestaram descontentamento com a unidade fechadaReprodução

Rio - Pais e mães se reuniram na manhã desta terça-feira (4) em frente a Escola Municipal Bombeiro Geraldo Dias, na Comunidade do Salgueiro, Tijuca, Zona Norte do Rio, para reivindicarem a abertura da unidade, fechada desde outubro do ano passado para reforma. Devido às fortes chuvas que atingiram a cidade em fevereiro de 2023, o refeitório da escola ficou destruído e os alunos passaram oito meses sem almoço. Para tentar solucionar o problema, as aulas foram transferidas para outra unidade, muito mais distante.
As aulas agora acontecem no Centro Integrado de Educação Pública Samuel Wainer, na Avenida Heitor Beltrão. Desde então, alunos que moram na Comunidade do Salgueiro precisam caminhar cerca de 30 a 40 minutos para conseguirem assistir às aulas. A revolta dos pais e responsáveis tomou as ruas nesta manhã, durante um protesto.
"Em fevereiro do ano passado, a unidade escolar sofreu com a grande chuva e abriu um buraco na cozinha. E as crianças continuaram tendo aula até outubro, com o lanche emergencial. Como a gente fez uma pressão, o conselho tutelar e a associação de moradores, a prefeitura resolveu transferi-los em outubro para o CIEP, sem oferecer ônibus, sem oferecer nenhum tipo de ajuda na locomoção das crianças. São crianças que são da pré-escola até o terceiro ano. Então ficou mais complicado fazer esse trajeto", conta Sabrina Damasceno, diretora do Sepe Regional III.
A estimativa de Damasceno é de que 110 crianças entre 5 a 9 anos estejam impactadas com o fechamento da unidade. Uma delas é a Manuela Martins, de 7 anos. A pequena estuda na unidade desde os 4 anos. Segundo a mãe, a diarista Roseane Martins, de 31 anos, ela e o marido estão enfrentando uma maratona desde o ano passado com a escola.
"Quando o refeitório fechou, foi um pouco complicado. Não tenho ninguém, não tenho família dentro da comunidade, moro no Morro do Salgueiro mas não tenho família lá dentro, minha família é só eu, meu esposo e minha filha. Então, eu chegava do trabalho e ainda tinha que fazer janta, fazer o almoço dela... Quando falaram que a escola ia fechar e que eles tinham que descer lá pro CIEP, a moça que ficava com a minha filha falou que não poderia pegar ela [na saída da escola], já foi outro desespero", detalha. 
Estado em que refeitório do colégio ficou no ano passado, após as chuvas - Reprodução
Estado em que refeitório do colégio ficou no ano passado, após as chuvasReprodução
A mãe conta que para chegar no colégio, a pequena faz um trajeto de quase 30 minutos. Ela e o marido precisaram começar a revezar na tarefa, devido a flexibilidade de ambos no trabalho. 
"Essa situação é muito complicada porque o colégio sendo lá dentro da comunidade facilitava muito. Por mais que a gente não tenha familiares dentro da comunidade, a gente tem amigos que quando a gente precisa, vai lá e busca ela. Lá embaixo já fica muito mais longe. Tem mães dentro da comunidade que não conseguem levar e nem buscar as crianças", desabafa. 
A Secretaria Municipal de Educação informou, por meio de nota, que a Escola Municipal Bombeiro Geraldo Dias precisou ser interditada no ano passado após fortes chuvas atingirem a unidade e danificarem o piso da cozinha e do refeitório.
"Após análise dos técnicos da Rio-Urbe, Secretaria Municipal de Infraestrutura, Rio-Águas e Geo-Rio, constatou-se que seria necessária uma obra de grande porte para desvio do curso d’água. Os alunos foram realocados sem prejuízo nos estudos e, atualmente, são atendidos no CIEP Samuel Wainer, no mesmo bairro. O processo licitatório para a reforma da escola foi concluído e a obra começará no segundo semestre deste ano", finalizou.