Sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), no Centro do Rio, Reprodução / Google Street View

Rio - O ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e a advogada Camila Nogueira foram condenados a quatro anos e seis meses de prisão por obstruírem as investigações do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, assassinados em março de 2018. A dupla foi denunciada em junho de 2019 pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a decisão foi proferida pelo Juízo da 28ª Vara Criminal da Capital em abril deste ano. O MPRJ recorreu da sentença, para aumentar a pena imputada a cada um dos réus.
De acordo com a denúncia, Ferreirinha acusou o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, de ter planejado a morte de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes, com a ajuda do vereador Marcello Siciliano. Ferreirinha mentiu porque temia ser morto por Curicica que, na época, era líder de uma milícia conhecida como "Bonde do Jow".
Ainda segundo a acusação, a advogada Camila Nogueira foi quem orientou Ferreirinha a mentir, o que atrasou por meses o rumo das investigações, que demorou seis anos até descobrirem os mandantes intelectuais do crime, o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, presos em março de 2024, durante a operação Murder Inc.
Em fevereiro de 2019, ao ser interrogado, durante a operação Nevoeiro, Ferreirinha confessou ter mentido em seu depoimento para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e à Polícia Federal, sobre o suposto diálogo entre Orlando Curicica e Marcello Siciliano, que envolveria ambos no caso Marielle e Anderson.
Ferreirinha era responsável por gerenciar a exploração de "gatonet" na região do Campo do Merck, em Curicica, Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, e foi expulso do "Bonde do Jow" após desentendimento com Orlando.
Ainda segundo as investigações, a trama foi articulada com o objetivo de fazer com que Curicica fosse transferido para um presídio federal. Isso porque Curicica passou a ameaçá-lo de morte depois de ser preso, em outubro de 2017, por acreditar que houve uma traição por parte de Ferreirinha.
Rodrigo Ferreira também tinha interesse de manter o poder e a gerência das as áreas dominadas por Orlando Curicica e restabelecer a influência exercida sobre os demais integrantes da organização criminosa.