Cervejas com média percepção de corpo e teor alcóolico são ideais para o outonoIsabela Apolinário

Rio - Parece que demorou, mas o outono chegou. E com a meia-estação, vieram também novas cores, aromas e temperaturas: o calor característico do verão do Rio já deu espaço para ares mais frescos. Com a temperatura mais amena, esqueça um pouco as cervejas leves e refrescantes. A cerveja da temporada tem corpo e teor alcoólico de média percepção, na medida certa para envolver a garganta e proporcionar um ligeiro aquecimento, bem de acordo com o clima do momento.
Embora não exista o termo 'cerveja de outono', há estilos com perfil sensorial em sintonia com a estação, com características que são a cara deste período do ano. Como a cerveja é eclética e versátil, com mais de 100 estilos diferentes catalogados, que transitam entre as mais diversas ocasiões e perfis, é possível escolher rótulos ideais para cada época.
A estação de agora pede por cervejas com perfil mais complexo do que as American Lagers, estilo mais consumido pelo público. As cervejas de outono devem ter aromas de caramelo e tostado dos maltes, notas adocicadas e, principalmente, condimentadas e frutadas geradas durante a fermentação da cerveja. Como o outono é a estação das frutas, tem tudo a ver. Já o teor alcoólico não pode ser inferior a 5% ABV (índice de graduação alcoólica da bebida). 
A pequena amostra a seguir indica estilos de cerveja para esquentar o corpo neste outono, mas sem pesar. Vamos às dicas:
- Pumpkin Ale: Uma das estrelas da temporada, o estilo é conhecido por seu sabor distinto de abóbora e especiarias, como canela, noz-moscada e cravo. O amargor é bem restrito e não interfere no sabor. É como uma fatia de torta de abóbora em forma líquida.
- Altbier: Se a Pumpkin Ale tem baixo amargor, a Altbier, um estilo original de Düsseldorf, cidade da Alemanha, é forte e amarga, mas equilibrada com os sabores dos grãos tostados. Conta ainda com aroma floral de lúpulos, notas de caramelo e frutas secas.
- Bock: De coloração âmbar a marrom escuro, as cervejas Bock são robustas e mais alcoólicas, com teor variando entre 6,3 a 7,6% ABV. Na boca, percebem-se notas de caramelo e sabor amendoado, podendo ocasionalmente também ter um leve sabor de chocolate. O amargor deste estilo de cerveja é suave, e o final do gole surpreende com um breve aquecimento alcoólico.
Uma curiosidade: na Alemanha, país de origem do estilo, a produção de Bock acontece no inverno, durante o signo de Capricórnio. Por isso, o estilo se chama ‘Bock’ (‘bode’ em alemão).
- Belgian Dubbel: o estilo produzido por monastérios e abadias da Bélgica, mas com rótulos inspirados por cervejarias brasileiras, tem cor cobre avermelhada e perfume que remete a frutas secas e escuras, como passas e ameixas, e notas de chocolate e açúcar caramelizado ou tostado. Por conta do baixo amargor, o sabor das Belgian Dubbels pode ser um pouco adocicado, mas o retrogosto (o que fica na garganta após o gole) é caracterizado por secura.
- Dunkel: Os destaques são os delicados aromas de chocolate, nozes e caramelo que sobem ao nariz assim que o líquido é depositado no copo. Coloração escura, teor alcoólico até 5,3%, baixo amargor e sabores similares ao aroma complementam o conjunto.
- Brown Ale: o estilo traz as notas amendoadas que traduzem o outono no aroma e no sabor. Apresenta gosto adocicado de chocolate, caramelo e nozes, enquanto o amargor transita de médio a médio-alto.
- Rauchbier: Alô quem curte um bacon! As cervejas deste estilo alemão são feitas com maltes defumados e criam características que lembram fortemente a carne de porco curada. Além das notas de defumação, é possível identificar aromas de malte e lúpulo em equilíbrio, sabor com notas de caramelo e um corpo com bastante textura, dando a sensação de mastigar a cerveja.