Manifestantes protestam pela morte de Quetilene Soares na frente do 15º BPM (Duque de Caxias)Reprodução/TV Globo
Moradores protestam na frente de batalhão da PM, em Caxias, depois de morte de gerente comercial
Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj disse que está em contato com a família da vítima e vai acompanhar as investigações
Rio - Moradores da comunidade do Dique, em Duque de Caxias, realizaram um protesto, na tarde desta sexta-feira (21), pedindo justiça pela morte da gerente comercial Quetilene Soares de Souza, de 37 anos. O grupo se reuniu de forma pacífica na frente do 15º BPM (Duque de Caxias) e levaram cartazes com os dizeres "A favela pede paz" e "Justiça por Quetilene".
Vizinhos e familiares da vítima afirmam que não houve confronto na comunidade no momento em que Quetilene foi baleada, e que o disparo partiu de policiais do 15º BPM. A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) está em contato com a família de Quetilene. A informação foi confirmada pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão. "A CDDHC se solidariza com a família da vítima e acompanhará as investigações do caso", disse a deputada.
Polícias civil e militar apuram o que aconteceu
A Polícia Civil interrogou os policiais militares envolvidos na ocorrência que terminou na morte da gerente comercial, na noite de quinta-feira (20), na comunidade do Dique. As câmeras corporais dos agentes também estão sendo analisadas e as armas já passaram por perícia. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) tenta descobrir de onde partiu o tiro que matou Quetilene e se realmente houve confronto na região. A Polícia Militar também instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias do fato.
Horas depois de Quetilene morrer, ainda na noite de quinta-feira (20), moradores protestaram contra PMs que estavam na região. "Vão atirando desse jeito, olha a garota morta, não é possível", disse uma vizinha. Em imagens que circulam nas redes sociais é possível ver que a população ficou em meio ao fogo cruzado. Passageiros de um ônibus precisaram se abaixar dentro do veículo ainda durante o confronto.
Um coletivo da viação Santo Antônio, linha 499 (Caxias x Parque São José), chegou a ser incendiado. Segundo a Semove, esse é o 11º veículo queimado somente este ano na Região Metropolitana.
Linhas de investigação
Até o momento, duas versões foram apresentadas à polícia e estão em investigação na DHBF. A primeira é a versão dos PMs do 15ºBPM. A equipe presente na ocorrência alega que durante um patrulhamento pela Avenida Governador Leonel de Moura Brizola-Gramacho, na altura da comunidade do Dique, a viatura foi alvo de vários disparos de arma por parte de criminosos, e houve confronto. Ao fim dos disparos, a equipe teria sido informada de que uma mulher havia sido baleada. A gerente comercial foi socorrida pelos próprios policiais para o Hospital Moacir do Carmo, mas não resistiu e morreu. Nenhuma arma, drogas ou suspeito foi apresentado à Polícia Civil.
A segunda versão é de alguns moradores e do marido da vítima, que afirmam que não havia criminosos na rua no momento dos disparos e que somente a polícia atirou na comunidade, por volta das 19h de quinta-feira (21).
O corpo será velado na capela da Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Magé, às 8h deste sábado (22). O sepultamento será às 12h, no Cemitério de Raiz da Serra, no mesmo município.
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