Caso aconteceu no Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Renée Biscaia Raposo, em Cosmos Reprodução
Mãe acusa funcionários de creche em Cosmos de dopar seu filho de 2 anos
Menino, diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista (TEA), não conseguia ficar em pé, segundo a denúncia; a Polícia Civil e a Secretaria Municipal de Educação apuram o caso
Rio - Uma mãe de um aluno da rede municipal de educação usou as suas redes sociais para denunciar que o filho, de apenas 2 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), foi dopado em uma creche de Cosmos, na Zona Oeste do Rio. A Polícia Civil e a Secretaria Municipal de Educação (SME) apuram o caso.
Lays Torre Almeida contou que deixou o filho no Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Renée Biscaia Raposo, localizado na Praça Alex de Paula Xavier, na Estrada do Gouveia, na manhã do último dia 14, onde ele entrou andando sozinho, andando e brincando normalmente.
Durante a tarde, ela foi buscar a criança. No entanto, segundo a mãe, o menino não conseguia se manter em pé. Lays destacou que o filho costuma deixar a unidade correndo em direção aos seus braços, mas ele não fez isso, pois estava tonto com sintomas de ter sido dopado.
"Eu falo isso com toda propriedade. O meu filho foi dopado. Eu peguei o meu filho visivelmente dopado. Ele ainda estava acordado, porém estava tonto, desequilibrado, ele não conseguia andar sem cair. Inclusive, no momento em que eu peguei o meu filho na porta da escola, ele só não caiu porque a mãe de um outro aluno segurou para ele não cair", disse.
Após o ocorrido, a mulher levou o filho ao Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, ainda na Zona Oeste, onde ele passou por uma lavagem estomacal. A criança também realizou exames de sangue em uma clínica particular, que deram positivo para Zolpidem, remédio usado para tratamento de insônia. De acordo com a mãe, a única medicação que o menino usa por indicação médica, para ajudar o seu desenvolvimento por conta do TEA, é o Canabidiol, que é ministrado apenas em casa.
"Ele teve o seu diagnóstico muito precoce. Algumas pessoas chegam a me perguntar ‘Nossa, como você conseguiu o laudo dele com 2 anos?’. Na verdade, ele já era observado antes de completar um ano de idade. A gente já tinha observado as dificuldades que o meu filho tinha e a gente já tinha começado os tratamentos necessários. Ele sempre foi uma criança muito bem cuidada. A gente sempre fez tudo por ele. O que fizeram com o meu filho, além de ser de um nível de crueldade, nada me tira da cabeça que já haviam feito isso antes e que simplesmente erraram na mão dessa vez. Nada me tira da cabeça que não só com o meu filho, mas que certamente eles já fizeram isso com o filho de outras mães e que elas acharam que era apenas sono, quando na verdade eles estavam dopados", destacou.
Pedido de exoneração
Lays afirmou que possui prints de conversas de professores da unidade dizendo que o filho atrapalhava a rotina de outras crianças e que não dormia com os colegas no horário destinado pela equipe responsável. Esse teria sido o motivo para darem o remédio para o menino.
A mãe resolveu denunciar o caso com o objetivo de conseguir a exoneração de quem fez isso com o filho. Segundo a mulher, a ideia não é prejudicar a creche, mas sim penalizar os responsáveis pelo ato.
"Eu quero que quem fez isso com meu filho pague. Quem fez e quem foi conivente. Desde a direção a todos os outros profissionais que podem ter sido coniventes em ver outro profissional medicando uma criança e ficando quieto. Eu não quero que feche a creche porque tem muita mãe que precisa que o filho fique lá para trabalhar, para levar o sustento para dentro de casa. As crianças precisam aprender a se desenvolver e a ter interação com outras crianças. Eu só quero que tenha profissionais capacitados, que são seres humanos de verdade, que não vão fazer maldade com as crianças. Eu quero só que as pessoas que fizeram isso com o meu filho sejam exoneradas, que elas não possam trabalhar nem ali, nem em lugar algum, porque ser transferido é muito fácil. Vai fazer em outro lugar, com outras crianças e eu não quero isso", comentou.
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que instaurou uma sindicância e que está colaborando com a investigação da Polícia Civil para comprovar se alguma substância foi dada à criança dentro da escola e quem teria sido o responsável.
O órgão ainda destacou que, desde quando tomou conhecimento sobre o assunto, a família foi procurada e teve o pedido de transferência do aluno para outra escola atendido.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) e encaminhado à 36ª DP (Santa Cruz) para prosseguimento das investigações. A criança foi encaminhada para realizar exame de corpo de delito e demais diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.
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