Pais e alunos pedem fim da greve no Colégio Pedro IIReprodução / Redes sociais

Rio - Servidores definem em assembleia, nesta terça-feira (25), o rumo da greve no Colégio Pedro II. A reunião está marcada para às 13h no campus Tijuca II. A paralisação, que já dura três meses, tem como principais reivindicações a reestruturação das carreiras e a recomposição salarial. Para a volta às aulas, os grevistas esperam a assinatura de um acordo com o Governo Federal.

Segundo o Sindicato dos Servidores do Pedro II (Sindscope), durante a reunião será analisado o resultado da Plenária Nacional da categoria e o debate sobre as diretrizes para a elaboração do calendário de reposição.

Em última assembleia, realizada no dia 19 de junho, o plenário votou separadamente aceitar ou não as propostas do governo e assinar o acordo, que depende ainda de uma formalização por parte do governo Lula. A decisão de encaminhar para a plenária nacional do Sinasefe o indicativo de suspensão da greve recebeu 319 votos, enquanto a defesa da manutenção da paralisação obteve 114 votos. Quatro servidores se abstiveram.

"A plenária do sindicato nacional referendou a posição da última assembleia do Sindscope e deliberou pela suspensão da greve de técnicos e docentes da rede federal de educação básica, técnica e tecnológica após a assinatura do termo de acordo com o governo", disse o Sindscope em nota.

O movimento reúne trabalhadores em 21 estados, em mais de 250 unidades de ensino da Rede Federal de Educação. A greve também inclui professores e funcionários dos institutos federais, Instituto Nacional de Educação de Surdos e Instituto Benjamin Constant.

O protesto tem como objetivo expor as pautas da greve e da campanha salarial unificada. Segundo o sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindscope), as perdas salariais nos últimos anos ultrapassam 50%.
Conquistas
Segundo a Seção Sindical do Colégio Militar do Rio de Janeiro (Sinasefe), o ato tratou-se da maior greve em números absolutos onde a adesão chegou a atingir 562 das 682 unidades da Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
"Dentre as principais conquistas destacamos a recomposição orçamentária das nossas Instituições Federais de Ensino (IFEs) que, apesar de ainda insuficientes, só ocorreu por conta da mobilização de servidoras e servidores. Não por acaso, também foi aprovado no Senado o Projeto de Lei que cria a Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Para nós, trabalhadores(as) da Educação, a recomposição orçamentária e a política de investimento nas instituições públicas é fundamental para o exercício de nossas atividades profissionais", disse.
Além disso, o sindicato informou que tiveram avanços relevantes também nas carreiras de técnico-admistrativos e de docentes, e uma previsão de reajuste para 2025 e 2026, apesar de muito aquém das perdas acumuladas e daquilo que foi reivindicado pela categoria.
"Não podemos deixar de mencionar nosso total desacordo com a perversa decisão do Governo de excluir os(as) servidores(as) aposentados(as) de quaisquer possibilidades de ganhos em 2024", complementou.

Pais de alunos pedem fim da greve
Responsáveis e alunos do Colégio Pedro II realizaram manifestações pacíficas pedindo o fim da greve dos servidores ao longo dos meses. Ao DIA, os pais ressaltaram que apoiam as reivindicações dos funcionários, mas são contra a paralisação das aulas.
A advogada Thais Mattos, de 37 anos, mãe de um aluno do 1º ano do ensino médio da unidade de São Cristóvão, disse que grande parte dos responsáveis apoia as contestações, mas a falta de ensino e da rotina no colégio tem prejudicado os jovens. As aulas, que voltaram no dia 1º de abril, paralisaram dois dias depois, no dia 3 do mesmo mês.
"Somos um grupo de responsáveis contrário à greve, mas absolutamente a favor das reivindicações dos professores. Não temos qualquer objeção e, inclusive, apoia. O Pedro II é uma escola de pessoas de classe baixa da sociedade, pessoas que tem a principal alimentação na escola e estão em insegurança alimentar. O pessoal do 3º ano do ensino médio não está conseguindo sequer documentos para fazer inscrição no Enem e no vestibular da Uerj, fora a defasagem no conteúdo", disse.
O economista Adhemar Mineiro, de 61 anos, também esteve presente na manifestação. Ele é pai de um aluno do 5º ano do ensino fundamental de unidade localizada no Humaitá e reforçou que a escola tem sofrido com o calendário desde a pandemia.
"Os problemas são de toda ordem e o principal é o atraso na educação. Isso não é novo, não é só em função da greve, já vem do fato do Pedro II ter sido a última escola a voltar da pandemia. Então, as aulas já estavam atrasadíssimas. Por conta desse atraso, a gente começaria o ano letivo em abril, mas o ano de 2024 só teve duas aulas. Os alunos do 1º ano, que começam um dia depois, só tiveram uma aula", relatou.