Deli Monteiro, neta de Vovó Maria Joanna, foi uma das homenageadas na Câmara do RioCaio Monteiro / Divulgação

Rio - Mestres e mestras de jongo, uma dança de origem africana que celebra a cultura e a ancestralidade, foram homenageados, na noite desta segunda-feira (24), na Câmara de Vereadores do Rio, como forma de comemorar o Dia Municipal do Jongo. 
O ritmo, também conhecido como caxambu, é uma dança que teve suas origens na região africana do Congo-Angola. O jongo chegou ao Brasil durante o período colonial com os negros de origem bantu trazidos como escravos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio, Minas Gerais e São Paulo.
Neste 24 de junho, foi celebrado o Dia Municipal do Jongo. A data escolhida comemora o aniversário de Vovó Maria Joanna, jongueira tradicional do Morro da Serrinha, em Madureira, na Zona Norte do Rio, e uma das fundadoras da escola de samba Império Serrano.
Durante a comemoração, a Câmara abriu suas portas para receber duas das mais tradicionais rodas de jongo do Rio. Os representantes do Jongo da Serrinha e do Caxambu do Salgueiro foram homenageados com moções de louvor e reconhecimento, além de também receberem o Prêmio Vovó Maria Joanna, honraria que homenageia grupos e coletivos que garantem a preservação do ritmo ancestral.

"Ela [Vovó Maria Joanna] começou a implementar o jongo dentro da Serrinha e as pessoas de 30, 40, 50 anos já levaram para a juventude e, hoje, as crianças da Serrinha, com 3 e 4 anos, também fazem roda de jongo. Por isso, não tem como o projeto não levar o nome dessa referência", disse a vereadora Monica Cunha (Psol).

Ivo Mendes, jongueiro e filho de Vovó Maria Joanna, se emocionou ao falar sobre a importância do reconhecimento para quem trabalha em busca de manter essa cultura viva. "O jongo tem uma grande importância pra gente. É muito importante para todos nós reconhecer o trabalho dos jongueiros e ter o rosto da Vovó Maria como referência é muito bonito de ver", afirmou.

Durante o dia diversas atividades foram feitas na Casa, incluindo a visitação de crianças jongueiras pelos espaços do Palácio Pedro Ernesto e uma Feira Afro Brasileira com expositores de comidas típicas e moda afro. As homenagens tiveram o intuito de fazer uma ponte entre a política institucional e cultura popular.

"Estou muito emocionada, assim como várias famílias que estão aqui In Memoriam de jongueiros que se foram e que tanto lutaram pela cultura do jongo e para que ela não fosse esquecida", afirmou a integrante do grupo Jongo da Serrinha, Lazir Silval.

Uma das homenageadas da noite foi a jongueira, Deli Monteiro, neta de Vovó Maria Joanna. "Essa homenagem que está acontecendo hoje para mim é maravilhoso porque a minha avó lutou muito para que o jongo resistisse. Antigamente não podia colocar crianças e hoje pode porque ela queria que colocasse para que essa cultura não morresse jamais".

A vereadora Monica Cunha afirmou que fazer essa comemoração é reafirmar a importância de visibilizar a cultura negra. "Essa foi a primeira comemoração do Dia Municipal do Jongo. Quando criei essa lei, foi pensando na valorização e fortalecimento da nossa cultura. Isso é trazer visibilidade a ancestralidade do nosso povo, principalmente da maioria da população do Rio que é a população negra", destacou.