Polícia Federal realizou operação contra ex-diretores das Lojas Americanas no RioReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - Os ex-diretores das Lojas Americanas, Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, alvos de uma operação da Polícia Federal por uma fraude de R$ 25,3 bilhões, moram na Espanha e em Portugal, respectivamente, de acordo com as investigações. Ambos são considerados foragidos e tiveram seus nomes incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol.
A PF identificou que Gutierrez, que já foi CEO do grupo, tem endereço em Madrid, na capital da Espanha. Ele possui cidadania espanhola e está na cidade há um ano. Já Saicali se mudou para Portugal, mas ainda não há informações sobre a cidade exata.
Os agentes pretendem conseguir apoio das autoridades espanholas e portuguesas para extraditar os investigados, pois ambos possuem mandados de prisão preventiva em aberto expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio. Com a inclusão dos nomes na Difusão Vermelha da Interpol, ambos viraram procurados internacionalmente. A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores, que somam mais de R$ 500 milhões.
Segundo a Polícia Federal, a operação, realizada nesta quinta-feira (27) para cumprir os dois mandados de prisão e outros 15 de busca e apreensão em endereços ligados a diretores da Americanas no Rio, teve como objetivo esclarecer a participação dos alvos na fraude bilionária, considerada a maior da história do mercado financeiro do Brasil.
A PF descobriu que os investigados cometeram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, em que a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo nos bancos. Além disso, as investigações identificaram fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC) - incentivos comerciais geralmente utilizados no setor -, que eram contabilizados, mas nunca existiram.
Ainda de acordo com a PF, há indícios de que eles cometeram crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada - também conhecido como insider trading -, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados pelas práticas, os ex-diretores podem cumprir penas de até 26 anos de prisão.
A ação desta quinta-feira (27) foi realizada junto com o Ministério Público Federal (MPF) e tem apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além da própria Lojas Americanas.
Procurada, a empresa declarou que confia nas autoridades que investigam o caso e que foi "vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes". A empresa afirmou ainda que "acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos".
A reportagem tenta contato com as defesas dos investigados. O espaço está aberto para manifestação.