Viviane de Castro Miranda, de 24 anos, foi morta com um tiro na cabeça em 2007Reprodução

Rio - A Justiça do Rio condenou, na madrugada desta quinta-feira (27), Felipe Motta Pereira Natal a 22 anos de prisão por matar a ex-companheira, a psicóloga Viviane de Castro Miranda, com um tiro na cabeça dentro de uma igreja de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O crime aconteceu há 17 anos e ele respondia em liberdade desde então.
Segundo as investigações, o homem, que era estudante universitário na época, invadiu uma sala da Igreja Matriz Sagrados Corações, no bairro Ponta da Areia, e atirou contra Viviane porque não se conformava com o término do namoro, ocorrido 20 dias antes do assassinato.
O crime aconteceu em 2007. Psicóloga por formação, a vítima fazia um trabalho comunitário no local. Ela estava sozinha na sala quando foi abordada por Felipe. A denúncia do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) ainda apontou que o criminoso fugiu e comemorou o seu aniversário em um restaurante horas depois de matar a ex-namorada.
A sentença foi decidida por jurados do 3º Tribunal de Júri de Niterói. A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce dos Santos destacou a frieza de Felipe e o seu menosprezo pela vida humana, já que atirou de uma curta distância em direção a cabeça da vítima sabendo que era uma região vital.
“Sua culpabilidade mostra-se acentuada, com alto grau de reprovabilidade e censurabilidade, posto que tendo ciência inequívoca da ilicitude de sua conduta, não se intimidou com o cometimento do crime, com audácia extremamente reprovável, no interior de uma Irega, efetuou disparo de arma de fogo na cabeça da vítima, sua ex-namorada. A conduta se mostra ainda mais reprovável considerando que a vítima estava desarmada, em seu local de trabalho comunitário como psicóloga, vindo o réu a abandoná-la mortalmente ferida, sem sequer prestar ou mesmo chamar por socorro, para, em seguida, sair para comemorar seu aniversário em um restaurante, como se nada tivesse ocorrido”, escreveu a magistrada.
Nearis ainda citou que o feminicídio causou danos psicológicos aos familiares mais próximos de Viviane, que na época tinha 24 anos e era filha única. Além disso, o corpo da psicóloga foi localizado por uma criança, o que, segundo a juíza, evidencia mais ainda a gravidade da situação.
"De forma a evidenciar ainda mais as consequências desfavoráveis não somente que a genitora da vítima relata sofrer até hoje de enxaqueca e gastrite nervosa em razão da morte de sua filha Viviane, mas também que o corpo da vítima foi localizado por uma criança, frequentadora da Igreja, para a qual os danos psicológicos se mostram também evidentes, diante da barbárie praticada, que causou grande comoção social e inegável aumento da sensação de insegurança no seio social", completou.
O homem foi condenado a 22 anos de prisão em regime fechado, pois se trata de um homicídio duplamente qualificado, pela motivação torpe, consistente em uma vingança por não aceitar o fim do relacionamento, e com emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, porque sacou repentinamente um revólver e atirou contra a cabeça da psicóloga após uma conversa com ele.
Felipe respondia em liberdade há 17 anos. Na época do crime, ele chegou a ser preso temporariamente, mas foi liberado cerca de 50 dias depois. Com a condenação, a Justiça determinou sua prisão preventiva.