O Teatro Serrador está fechado desde 2019Reprodução / Redes sociais
Campanha promove 'vaquinha' para custear obras do Teatro Serrador, fechado desde 2019
Histórico espaço cultural no Centro está com poltronas quebradas, infiltrações e outros problemas
Rio – Uma campanha de mobilização foi criada na última semana, nas redes sociais, para viabilizar obras no histórico Teatro Serrador, na Cinelândia. Construído em 1940 e fechado desde 2019, o espaço sofre com infiltrações nas paredes, poltronas quebradas e buracos no teto, além de outros problemas. A iniciativa é liderada pela empresária e atriz Brigitte Blair, proprietária da casa, e pelo ator Bruce Gomlevsky.
Para arrecadar recursos, uma "vaquinha" foi aberta com a meta de alcançar R$ 200 mil. O site estipula o dia 20 de agosto como prazo para o fim da campanha.
Brigitte Blair, que comprou o tradicional espaço em 1985, chegou a colocá-lo à venda em 2023. "Com essa reforma do Serrador, eu pretendo fazer todo o palco, iluminação, som, cadeiras, piso, camarins, entrada, letreiro... Toda a parte do teatro vai ser totalmente reformada. Ele vai ser todo modernizado e ficar como era antes", disse, nas redes sociais. A obra pretende, ainda, fazer pintura geral, acerto do teto de gesso e renovação do sistema de bombas, entre outras medidas.
Para cada valor doado na campanha, é oferecida uma contrapartida, que varia de ingressos grátis até cadeiras cativas, passando por pacotes com aulas particulares de teatro. Elas são oferecidas pela Cia Teatro Esplendor, administrada pelo diretor artístico do projeto, Bruce Gomlevsky, que promete levar atrações populares e acessíveis ao Serrador.
O teatro foi arrendado e municipalizado em 2016, na gestão de Eduardo Paes, e devolvido à dona em fevereiro de 2020, já no governo Crivella. Em conversa com O DIA, a produtora Patricia Blair, filha de Brigitte, lamentou a situação. Segundo ela, o ex-prefeito Marcelo Crivella fechou o teatro em fevereiro de 2019 para o Carnaval e nunca mais o reabriu.
"As pessoas podem não saber que o teatro foi devolvido dessa maneira, que a minha mãe simplesmente fechou o teatro e o deixou abandonado. Mas o contrato venceu em junho de 2019 e nós o recebemos em fevereiro de 2020 totalmente depredado e saqueado. Sumiram os bancos da sala de espera, cadeiras dos camarins, ar-condicionado... Então, é muito triste."
Ela também falou sobre a "vaquinha". "O teatro foi devolvido na gestão do Marcelo Crivella, mas a gestão atual sabe exatamente a situação. Minha mãe já esteve com o próprio Eduardo [Paes], e ele sabe exatamente como o teatro está. Dependemos da doação de pessoas para fazer uma obra que deveria estar sendo feita pela prefeitura. O que nós queremos, e já nem queremos mais, porque estamos tentando desde 2019, há cinco anos, é que eles entregassem o teatro operante. Ele não tem condições de uso. Por isso, fizemos a vaquinha", comentou.
Procurada, a Secretaria Municipal de Cultura afirmou que o Teatro Serrador não pertence à rede de equipamentos culturais mantidos pela pasta.
Grandes lendas da dramaturgia brasileira passaram pelo Serrador. Foi lá onde a lendária atriz Bibi Ferreira (1922-2019) estreou nos palcos, em 1941. Ela se apresentou na reabertura da sala, em 2016, aos 93 anos. A primeira sessão do Serrador, em março de 1940, foi uma comédia, "Maria Cachucha", produzida pela companhia do pai da artista, Procópio Ferreira (1898-1979).
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