Direção do hospital vai abrir sindicância para averiguar o caso Renan Areias

Rio - A direção do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio, abriu sindicância para investigar a morte de um paciente de 28 anos, na tarde deste domingo (30), que ficou preso em um elevador por 16 minutos após uma pane. O incidente ocorreu enquanto ele era transportado da enfermaria de neurocirurgia para a emergência da unidade. A equipe que estava com o paciente tentou reanimá-lo, mas não obteve êxito. A vítima tinha doença crônica preexistente e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, faleceu por conta da gravidade do caso.
A pasta afirmou que a porta do elevador caiu e descarrilou em um grave acidente às 12h35. Segundo a pasta, toda a equipe clínica do hospital e de manutenção estava no local e o tempo de permanência no elevador foi de 16 minutos.

"Ele tinha acabado de passar por uma reanimação cardiorrespiratória e estava sendo transferido de andar justamente pelo agravamento do quadro", completou a secretaria.

Um novo conjunto de elevadores está em processo de licitação no hospital. Enquanto isso, uma equipe de manutenção fica à disposição na unidade 24 horas para reparos necessários. Na tarde desta segunda-feira (1), dois elevadores estavam em funcionamento na unidade e a equipe de manutenção segue no local. 
Sindicato aponta para problema frequente
A diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Rio, Mônica Armada, afirmou que, segundo os funcionários, os elevadores do hospital apresentam problemas há anos. "As pessoas estavam revoltadas com a situação. Quando botaram o paciente no elevador, ele apresentou outra parada cardíaca. Ele estava com a mãe, familiares e a equipe. Começaram a fazer as manobras, mas não havia medicação [por estarem presos no elevador]", relatou.
No plantão do domingo anterior, 23 de junho, a enfermagem já estava reclamando que o elevador frequentemente enguiçava, acrescentou a diretora do sindicato. No livro de ordens e ocorrências daquele plantão, uma enfermeira registrou que outro paciente morreu. Ele estava passando mal e o único elevador que estava funcionando era por dentro do centro cirúrgico, o que demandou organização interna para que ele pudésse ser usado pela equipe.
Conselho apura incidentes
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) informou, nesta segunda-feira (1º), que irá apurar a existência de responsáveis técnicos nos locais onde ocorreram os incidentes com elevadores. A Lei 5.194, de 1966, determina que os serviços técnicos precisam ter a participação de um profissional habilitado.
Segundo o Crea, o responsável pela manutenção do elevador que despencou no Hospital Municipal Salgado Filho não tem registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no conselho, o que indica alguma irregularidade. Fiscais do órgão irão até a unidade a fim de apurar a responsabilidade pela prestação do serviço.

O Crea ainda verificou que a empresa responsável pela manutenção do elevador da Secretaria de Fazenda, que deixou uma servidora ferida após bater no teto, está regularizada no conselho, mas também haverá uma apuração para saber o que aconteceu.