Autoridades e artistas lamentam morte do jornalista Sérgio Cabral
Pai do ex-governador Sérgio Cabral estava internado na Clínica São Vicente na Gávea e faleceu neste domingo (14)
Informação da morte foi confirmada pela família na manhã de ontem. Sérgio Cabral estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica São Vicente, na Gávea - Reprodução/ Redes Sociais
Informação da morte foi confirmada pela família na manhã de ontem. Sérgio Cabral estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica São Vicente, na GáveaReprodução/ Redes Sociais
Rio - O anúncio do falecimento do jornalista e escritor Sérgio Cabral, pai do ex-governador, trouxe uma onda de comoção que reflete o impacto de sua vida e legado na cultura brasileira. Através das redes sociais, diversas figuras públicas se manifestaram sobre a morte do carioca de Cascadura, vascaíno e grande entusiasta do samba que faleceu na manhã deste domingo (14), aos 87 anos, em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar.
Conhecido por muitos como uma figura marcante no cenário cultural do Rio, Sérgio Cabral estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul, há mais de 60 dias e estava com a saúde fragilizada desde o começo do ano. O cantor e amigo Martinho da Vila, foi um dos que homenagearam o jornalista. "Descanse em paz, amigo. Sua contribuição para a cultura foi enorme", escreveu.
A filha do escritor, Cláudia Cabral, esteve na Clínica São Vicente na manhã deste domingo (14). Em entrevista ao DIA, ela descreveu Sérgio Cabral como um "paizão". "Meu pai era super amoroso, na última vez que ele falou comigo aqui, ele foi carinhoso, me chamou de "linda" e disse que amava. Ele sempre foi um paizão, empre foi muito efetuoso e amigo. Vai fazer muita falta mesmo. Ele passou todo essa paixão pelo samba, música, carnaval e Vasco para a gente. E amanhã no velório, a gente quer essa energia lá", disse. O velório do jornalista aconteceu nesta segunda-feira (15) das 8h às 12h na sede náutica do Vasco, na Lagoa, Zona Sul do Rio.
As escolas de samba do carnaval do Rio também lamentaram a morte de Sérgio Cabral. "Ilustre mangueirense, jornalista, escritor e compositor, Cabral foi criado no subúrbio carioca e foi um dos principais difusores do samba. Em suas obras, o livro “Mangueira - Nação Verde e Rosa” de (1998) e o samba “Os Meninos da Mangueira” certamente marcaram a história da verde e rosa. Nossos sentimentos aos amigos e familiares. Sua contribuição ao samba e à cidade do Rio de Janeiro é ímpar", publicou a Estação Primeira de Mangueira.
A Mocidade afirmou que o domingo (14) começou de luto: "Hoje, perdemos o grande jornalista Sérgio Cabral. Um dos grandes personagens cariocas e apaixonado por carnaval, Cabral foi fundamental dentro da comunicação em nosso tempo. Descanse em paz. A Estrela está de luto".
Autoridades políticas do RJ e do Brasil também se manifestaram através das redes sociais. O vice-governador Thiago Pampolha (MDB) afirmou que recebeu com grande tristeza a notícia do falecimento. "Jornalista e escritor, Sérgio Cabral foi uma figura marcante no cenário cultural do Rio de Janeiro. Que Deus conforte o coração dos familiares nesse momento de dor", disse.
A secretária municipal do Meio Ambiente do Rio, Tainá de Paula, descreveu o jornalista como um "grande brasileiro". "Sem dúvida, ele deixa um legado! Fique com nossos sentimentos", escreveu.
O deputado federal Chico Alencar (PSOL) afirmou que considerada Sérgio Cabral um amigo. "Confidente nas sessões modorrentas da CMRJ, entusiasta da nossa MPB e do carnaval, biógrafo de grandes, concluiu sua vida biológica. Deixa biografia linda. Certa vez me disse que emoção maior era ver o Vasco entrando em campo. Serjão deixa o campo aplaudido", lamentou.
O time do coração do jornalista, Vasco da Gama, também se manifestou e citou uma das frases ditas por Sérgio Cabral: Ser vascaíno é uma grande demonstração de inteligência. o Vasco une paixão à razão.
Carreira de Sérgio Cabral
Nascido em Cascadura, na Zona Norte, Sérgio Cabral começou sua carreira em 1957 como repórter do Diário da Noite. Um dos fundadores do jornal "O Pasquim" e editor de vários jornais e revistas por décadas, ele foi autor de mais de 20 livros, entre eles as biografias de Pixinguinha, Almirante, Nara Leão, Ary Barroso, Tom Jobim e Ataulfo Alves.
Com o livro sobre Pixinguinha, inclusive, o escritor ganhou o concurso de monografias sobre música popular, instituído pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), em 1977. Cabral também foi responsável por muito do que se sabe sobre música brasileira. O jornalista foi parceiro de Rildo Hora na composição de diferentes canções como Janelas Azuis, Visgo de Jaca, Velha-Guarda da Portela e Os Meninos da Mangueira.
No mundo do Carnaval, Sérgio trabalhou como repórter nos desfiles das escolas de samba na década de 60. Ele também foi comentarista das apresentações passadas na TVE e na TV Manchete. Cabral até escreveu um livro sobre as agremiações na década de 90.
Vida na política
Assim como o filho, ele também teve carreira na política, sendo vereador do Rio na década de 80, tendo atuado na elaboração da Lei Orgânica do Município e do Plano Diretor da cidade. Entre os projetos de sua autoria transformados em lei, está o que constitui o bairro de Santa Teresa em área de proteção ambiental e o que obriga a construção de salas de espetáculos nos centros comerciais construídos no Rio.
No cargo de Secretário Municipal de Esportes e Lazer (1987/1988) criou a Fundação Rio Esporte entre outras atuações destacadas. Em 1993, teve seu nome aprovado pela Câmara de Vereadores para exercer a função de Conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM) substituindo o conselheiro aposentado Luiz Alberto Bahia.
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